Nosso Campo conta as histórias de um sangrador e de um casal de engenheiros civis que encontraram no campo uma forma de obter uma renda fixa durante a pandemia. Com a pandemia, trabalhadores encontram no campo forma de obter renda
Reprodução/TV TEM
O sol nem raiou e quem trabalha na sangria das seringueiras já está de pé. É nesse horário que a produtividade aumenta e madrugar é o jeito encontrado pelos trabalhadores para fazer o dia render.
Pouco depois das quatro horas, o sangrador Adinael começa a riscar os primeiros troncos. Até pelo menos às 10h, ele percorre o seringal para coletar o látex. É uma rotina cansativa, mas bem mais tranquila do que a que ele encarava no antigo emprego.
Adinael explica sua rotina maçante quando trabalhava como atendente de balcão, em um restaurante de Itatiba (SP). “Lá eu acordava às 5h, até 5h30 eu estava indo pegar o ônibus. Eu entrava às 6h40 e ficava até 15h30. Aí, como estava na pandemia, não tinha ônibus e eu tinha que ficar até as 19h esperando, aí chegava em casa umas 20h”, conta.
Durante a pandemia, ele ficou desempregado e encontrou no campo uma recolocação no mercado de trabalho. Casos como o de Adinael, que buscou trabalho no campo depois de perder o emprego na cidade, estão cada vez mais comuns.
Segundo um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foi registrado, no terceiro trimestre de 2020, um pequeno crescimento no número de trabalhadores no agronegócio brasileiro: pouco mais de 1% em relação ao semestre anterior (1,3%), o que representa um aumento de aproximadamente 217 mil pessoas.
Anderson, gerente de uma fazenda localizada em Riolândia (SP), diz que percebeu um aumento na procura por emprego no campo. “Desde que começou essa pandemia, muitas pessoas procuram serviço da área urbana para a rural”, diz. Ele acredita que o setor rural foi um dos menos afetados com a pandemia. “A gente não está tendo vaga para todos que nos procuram”, diz.
(Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 07/03/2021)
Com a pandemia, trabalhadores migram para o campo em busca de renda fixa
Em uma outra propriedade, no município de Bálsamo (SP), o Nosso Campo encontrou um casal de engenheiros civis que se conheceu durante a faculdade, no Mato Grosso do Sul. Bruno de Paula Michelin e Roberta Cristina de Almeida se mudaram para a fazenda da família no fim de 2019 para dar início a um projeto no ramo da construção.
Bruno conta que o escritório montado na fazenda funcionava pela divulgação, captação de cliente e desenvolvimento de projetos e que, para conhecer clientes e obras, era necessário visitar Rio Preto (SP) todos os dias. Até que, em um momento, eles perceberam que não dava mais.
“Aquele primeiro impacto que tudo fecha, tudo para. Todos os nossos projetos, prefeituras, tudo parou e, automaticamente, a gente parou também. Aí, naturalmente, outros projetos aqui foram surgindo”, explica.
Com os novos projetos, uma nova rotina também surgiu. Hoje, ele trata das galinhas e da terra, por exemplo. Já Roberta prepara receitas na cozinha, onde encontrou um caminho para garantir renda.
No início, ela queria apenas reproduzir o que fazia com as avós: fazer pães e comer em família. Depois, tudo mudou. “Comecei vendendo para um que provou em Bálsamo. De repente, o pessoal de Rio Preto já estava pedindo, porque estava conhecendo. Agora, estou vendendo em Bálsamo, Rio Preto e Mirassol”, diz Roberta.
A rotina do casal mudou, mas os dois se apaixonaram pelos novos projetos, olhando o lado positivo da pandemia. “A gente se redescobriu”, diz Bruno.
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