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Café fake não é alimento: entenda o que pode ser vendido como café pela lei

Análise feita pelo Ministério da Agricultura indicou que bebidas saborizadas apreendidas eram compostas por cascas de grão e elementos considerados “lixo” da lavoura. Café filtrado, ou de coador, é um dos métodos mais tradicionais no Brasil e vem ganhando popularidade no exterior.
Freepik
Em meio a alta do preço do café, um novo produto surgiu no início do ano: o “pó sabor café”, que ficou conhecido como “café fake”. Na quarta-feira (23), o Ministério da Agricultura revelou que os produtos apreendidos em fevereiro não tinham café em sua composição e não podem ser chamados de alimentos.
O que é café: pela lei, a bebida tem que ser feita apenas do fruto (sim, café vem de uma fruta!).
A legislação brasileira permite que o café possua até 1% de impurezas naturais da lavoura (como galhos, folhas e cascas) e matérias estranhas (por exemplo, pedras, areia, grãos ou sementes de outras espécies vegetais, como de erva daninhas).
A lei, porém, proíbe completamente os chamados elementos estranhos, que são grãos ou sementes de outros gêneros (como milho, trigo, cevada), corantes, açúcar, caramelo e borra de café solúvel ou de infusão.
O fake café, por sua vez, não pode ser considerado uma versão da bebida, já que é feito apenas de impurezas e elementos estranhos. Saiba mais abaixo.
‘CAFÉ FAKE’: saiba diferenciar café e pó sabor café na prateleira
‘Café fake’: saiba diferenciar café e pó sabor café na prateleira
Café sem impurezas
Apesar de não estar previsto na legislação, o único tipo de café que não pode ter nenhuma impureza e/ou matéria estranha é o especial, no entendimento da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
Além disso, segundo a entidade, essa bebida só pode ser feita com grãos de frutos maduros e que estejam em perfeito estado: ou seja, não podem estar quebrados, fermentados ou verdes.
Já os outros tipos de café, como o extra-forte e o tradicional, além de conter grãos maduros, aceitam a presença de sementes de frutos que não estavam em seu melhor ponto de maturação: como os que foram colhidos antes do tempo, ou os que passaram mais tempo do que o ideal no pé de café.
Isso acontece porque a colheita, na maioria das vezes, não é feita de forma manual.
⚠️Isso não significa que os cafés que não são especiais são ruins ou que fazem mal à saúde. Se eles tiverem um selo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em sua embalagem, significa que o produto foi certificado quanto à sua qualidade e quanto aos limites aceitáveis de impurezas e matéria estranha.
Nem toda impureza é fraude
As impurezas podem estar no café de forma acidental, por serem resíduos na lavoura, e, por isso, não são consideradas fraudes, se estiverem dentro do limite permitido.
Já os elementos estranhos são adicionados intencionalmente para falsificação e são ilegais independente da quantidade encontrada na bebida, afirma o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério da Agricultura, Hugo Caruso.
Além de café: veja o que pode estar no pacote do produto
Bruna Rocha / arte g1
Atualmente, a detecção de impurezas e matérias estranhas é feita por meio de análises com microscópio.
Na regra, o café pode ter até 360 defeitos em 300g. Contudo, cada irregularidade tem um peso diferente. Confira na tabela abaixo.
Café pode ter até 360 defeitos em 300g
Wagner Magalhaes / Arte g1
Essa metodologia de medição foi desenvolvida há 100 anos, para a comercialização do fruto na bolsa de Nova York (EUA).
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Café fake apreendido é feito de ‘lixo da lavoura’
Os lotes de três marcas analisados pelo Ministério foram apreendidos em uma operação do Ministério da Agricultura realizada em fábricas nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os nomes das marcas não foram divulgados.
A análise feita pelo ministério indicou que eles eram compostos por cascas de grão e elementos considerados “lixo” da lavoura – grãos ardidos, defeituosos, que são dispensados no processo de produção de café, segundo o diretor do Dipov, Hugo Caruso.
Além disso, as bebidas continham uma toxina cancerígena.
O ministério informou que os produtos apreendidos não podem ser considerados alimentos e foram recolhidos dos supermercados.
“Recolhemos [dos supermercados] porque a matéria era toda feita de resíduo, só lixo”, disse Caruso.
Agora, eles deverão ser analisados também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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