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Acidentes com mortes e amputações aumentam nas lavouras de café e período de colheita exige cuidado com máquinas

De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho do Espírito Santo, o estado apresentou um aumento de mortes e amputações em acidentes nos cafezais do estado. Homem morre em acidente com colheita de café no ES
A morte de mais um trabalhador durante a colheita de café no Espírito Santo acende o alerta para o aumento de acidentes de trabalho em meio ao avanço da mecanização nas lavouras. Ademar Pereira da Vitória, de 45 anos, morreu atropelado por uma colheitadeira que estava acoplada a um trator (assista acima).
O acidente aconteceu no dia 25 de junho em Linhares, na Região Norte capixaba, mas não se trata de um caso isolado. De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho do Espírito Santo, o estado apresentou um aumento de mortes e amputações em virtude dessas ocorrências.
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“Observamos um aumento gradativo desses acidentes. Acidentes graves, com mutilações graves, que até trouxeram óbitos em nosso estado, a maioria na Região Norte”, disse o auditor fiscal e superintendente Alcimar Candeias.
Em todo o ano de 2023, o Espírito Santo registrou 50 acidentes de trabalho nos cafezais do estado. Já em primeiro semestre deste ano, 24 ocorrências já foram recebidas pela Superintendência.
“Às vezes, o acidente acontece, mas as empresas não informam que foi acidente de trabalho à Superintendência. Dessa forma, ocorrem as subnotificações. Acreditamos que o número pode ser muito maior”, comentou.
O auditor fiscal e superintendente Regional do Trabalho completou ainda que o produtor rural pode ser multado caso seja identificado irregularidades nas condições de trabalho.
“Se o auditor visitar uma propriedade e identificar que a máquina oferece riscos graves, nós teremos que interditar os equipamentos, o que levará à suspensão das colheitas naquela propriedade”, completou.
Acidentes fatais
Ademar Pereira da Vitória, de 45 anos
Reprodução/TV Gazeta
No caso do Ademar, segundo relatos de testemunhas à polícia, o condutor do trator era um enteado de dele, que estava utilizando o equipamento para recolher lonas da lavoura, quando de repente a vítima caiu embaixo do maquinário.
Quando as pessoas que estavam no local foram socorrer, Ademar já não tinha mais sinais de vida. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou o óbito e acionou a perícia.
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Os amigos de Ademar disseram que suspeitam que o trabalhador tenha passado mal ou tropeçado, mas ninguém soube explicar o que realmente aconteceu.
O enteado da vítima fez o teste de bafômetro, que deu negativo. Ele não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e nem especialização em operação de máquinas. O caso continua em investigação.
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Outro acidente registrado ainda neste ano tirou a vida de Lucimar Arrivabene, em Rio Bananal, também na Região Norte. Em maio, o trabalhador morreu enquanto fazia uma manutenção no fosso do elevador da propriedade, quando morreu.
O Corpo de Bombeiros do Espírito Santo (CBMES) suspeita que a causa da morta tenha sido sufocamento devido ao processo de fermentação do grão, que gerou um ambiente com pouco oxigênio.
O trabalhador Lucimar Arrivabene morreu enquanto fazia uma manutenção no fosso do elevador da propriedade em maio de 2024, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
“Ele caiu em um poço de 4 a 5 metro sem ventilação, com a fermentação dos frutos do café que gerou uma atmosfera sem oxigênio e provocou o desmaio. Provavelmente, foi sufocamento.”, explicou o sargento Rovetta, do Corpo de Bombeiros.
Também em 2024, um incêndio em uma secadora foi registrado em Jacupemba, em Aracruz. Na ocasião, o fogo tomou conta da máquina e todo o café que estava dentro foi perdido. Ninguém ficou ferido e os próprios trabalhadores conseguiram apagar as chamas.
Mecanização exige cuidado
Acidentes com secadores de grãos aumentam com início da colheita do café no ES
A cafeicultura movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano no Espírito Santo. Todo esse lucro é gerado com a ajuda de máquinas, como as colheitadeiras e os secadores, que operam a todo vapor durante o período de colheita.
A colheitadeira é um equipamento que combina diversas tarefas agrícolas, como colheita, debulha e limpeza de culturas de grãos; já os secadores, são equipamentos com uma tecnologia para auxiliar no processo de secagem do café.
Sem essas tecnologias, todo o café produzido no Espírito Santo teria que ser colhido e secado artesanalmente, uma logística impossível considerando que o estado produz milhões de sacas por ano. Para evitar que uma solução se transforme em um problema, os produtores têm que tomar uma série de cuidados para prevenir acidentes.
Colheitadeira de café conta com mecanismos de segurança para evitar acidentes.
Reprodução/TV Gazeta
A mecanização é importante, mas sem abrir mão de segurança. Na colheitadeira, por exemplo, foi instalado um botão de ligar e desligar a máquina, o que contribui para o controle do condutor.
Já no caos dos secadores, um cuidado fundamental é com a emissão de fumaça. Neste caso, as prefeituras fiscalizam os horários em que a palha pode ou não ser utilizada nas fornalhas. Segundo a legislação, antes das 8h e após as 17h, o produtor só pode usar a lenha com o objetivo de evitar que a fumaça tome conta das estradas e prejudique a visibilidade dos motoristas.
O secretário de Meio Ambiente de Rio Bananal, Leonardo Vasconcelos, acrescentou ainda que a fiscalização ambiental exige uma fonte de água perto do maquinário justamente para evitar acidentes como estes.
“Dentro da licença ambiental que eles recebem, automaticamente eles recebem uma série de orientações e recomendações que devem seguir justamente para que não venham a ocorrer acidentes e para que impactos ambientais dessa atividade sejam mitigados”, explicou o secretário.
Secadores de café: máquinas precisam ser manuseadas com cuidado para evitar acidentes.
Reprodução/TV Gazeta
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Treinamento para evitar acidentes
Outra iniciativa para evitar o crescimento do número de acidentes que está sendo utilizado pelos produtores rurais é o treinamento de trabalhadores antes de iniciar o trabalho.
Sem os secadores de café, processo seria manual, dificultando o escoamento da safra no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Linhares, Antonio Roberte Bourguignon, a entidade oferece capacitação e trabalho em parceria com órgãos fiscalizadores.
“Nós estamos com treinamentos contínuos para os trabalhadores usarem as máquinas corretamente e sem imprudência. A maioria dos acidentes são por imprudência. Com essa capacitação, junto com o melhoramento da máquina, acredito que vamos passar sem acidentes nas lavouras de café”, destacou Bourguignon.
Produtores colhendo café
Reprodução/TV Gazeta
Um dos produtores rurais que exige o treinamento como pré-requisito para trabalhar nas lavouras de café é Almir Gaburro, que tem uma propriedade em Linhares. Segundo ele, a parceria é feita com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) durante o processo de contratação.
“Só aceitamos o colaborador após o curso do Senai, seja para o tratorista ou operador da máquina. Eu faço a agenda, marco com o Senar. Daí, além do trabalhador ir lá. O Senar também faz um curso local na propriedade”, comentou o produtor.
Um dos trabalhadores que fez este treinamento foi Domingos Danilo Ferreira, que trabalha na propriedade do Almir. “O Senar explica tudo para que você entenda com o que está trabalhando, com o que está labutando, para a sua segurança”, finalizou Danilo.
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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