Descubra o Brasil: série mostra destinos que merecem ser mais conhecidos, mas que ainda estão no radar apenas de viajantes que já buscam roteiros diferentes. Ubajara (CE) tem floresta em meio à caatinga e esportes ao ar livre
Com uma porção da Mata Atlântica cercada pela caatinga, Ubajara, no Ceará, já foi lar de ursos e hoje tem mirantes para admirar suas paisagens, paredões, além de grutas e esportes ao ar livre.
O Descubra o Brasil apresenta destinos que já estão no radar dos viajantes que buscam roteiros diferentes, mas que merecem ser mais conhecidos.
Milhões de anos atrás, esse pedaço do Nordeste tinha Amazônia e Mata Atlântica vizinhas uma da outra. Com o aumento das temperaturas do planeta, há alguns milhares de anos, a área dessas florestas recuou, dando origem à caatinga.
Mas a Serra de Ibiapaba, onde fica Ubajara, seguiu como uma área de muito verde, com diversidade de fauna e flora, ilhada na caatinga. É o chamado Brejo de Altitude. Por lá dá para conhecer, por exemplo, um pequeno sapo encontrado apenas ali e na floresta amazônica.
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Fóssil de urso e trilhas pelo parque nacional
O principal ponto turístico da região é o Parque Nacional de Ubajara. Apesar de estar entre os menores do país em área, o local é rico em belezas e curiosidades, e vale a pena visitar.
Como prova de que ursos já viveram no Nordeste, pesquisadores encontraram, em uma das grutas do parque, um crânio de urso fossilizado de 10 mil anos de idade.
A espécie achada (Arctotherium brasiliense) está extinta, mas, segundo os cientistas, é parecida com a de ursos que vivem na Cordilheira dos Andes. Esse fóssil está hoje no museu da Universidade de São Paulo.
Das 11 grutas já descobertas dentro do parque, muitas possuem abismos e são reservadas apenas para pesquisa científica. Somente uma delas é aberta à visitação: a grandiosa Gruta de Ubajara.
Gruta de Ubajara tem 9 salões no seu interior
Globo Repórter
Até a década de 1950, antes do espaço virar Parque Nacional, haviam casas no entorno da Gruta de Ubajara e os moradores dali usavam frequentemente o local para encontros religiosos. Na entrada da caverna, ficaram marcadas as inscrições dos anos dessas celebrações. Apesar das pichações feitas pelos antigos moradores, o interior da gruta se mantém mais conservado.
A gruta, que possui iluminação artificial em alguns pontos, para facilitar o passeio, tem 9 salões que o visitante pode acessar em um trajeto circular, para admirar as estalactites e estalagmites e seus curiosos formatos.
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Caminhada não tão fácil
Para chegar até a Gruta de Ubajara, o caminho é longo. O teleférico, que é cartão-postal da cidade, fazia esse trajeto em poucos minutos. Desde 2015 ele está parado por conta de uma reforma para modernização do equipamento. A nova previsão de retorno do bondinho é para fevereiro de 2021, segundo a Secretaria de Turismo da cidade.
Por enquanto, a opção é cruzar 7 km em um trilha centenária — que era utilizada pelos indígenas e, depois, pelos portugueses, séculos atrás.
Muito íngreme e com pontos escorregadios, o trajeto leva pelo menos 4 horas para ser percorrido a pé. A vantagem é observar de perto toda a riqueza natural do parque, com suas cachoeiras, fauna e flora.
O Parque Nacional de Ubajara tem entrada gratuita. O visitante paga apenas pelo serviço de guia para poder percorrer trilhas na mata, admirar mirantes, cachoeiras e conhecer sobre a cultura, história, flora e fauna locais. Os preços custam a partir de R$ 5, a depender do roteiro escolhido.
Furnas de Araticum, em Ubajara, atraem praticantes de escalada
Divulgação/Secretaria de Turismo
Para a Trilha da Samambaia, por exemplo, o visitante paga R$ 8 para percorrer 1.200m em meio a mata. De fácil acesso, ela leva até um mirante de onde se pode avistar as cachoeiras do parque. Já para a trilha completa, até a Gruta de Ubajara, o valor é de R$ 30.
Todas as trilhas exigem acompanhamento de um guia autorizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que administra o parque – veja mais informações no site.
Origens da cidade
Distante cerca de 300 km de Fortaleza, Ubajara fica na Chapada de Ibiapaba. Até o século 17, a região era habitada apenas por índios Tabajaras. Foram eles que batizaram a Gruta de Ubajara, de onde a cidade herdou o nome, que significa “Senhor da Canoa”.
Segundo a lenda local, o nome é referência a um cacique que teria morado na gruta por muitos anos, após vir de canoa desde o litoral cearense. Um monumento na cidade e a bandeira do município reproduzem a imagem do índio na embarcação.
Uma das festas tradicionais da cidade é o Reisado, com personagens, dança e música típicas.
Veja a seguir outros destaques:
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Nos meses de agosto, a cidade recebe um evento para amantes de esportes na natureza, o Ecosports. São realizadas oficinas de stand up paddle, escalada, corrida de orientação e ciclismo, por exemplo.
No distrito de Araticum, uma formação rochosa se destaca: são as Furnas de Araticum. De formato curioso, pontiagudo por fora e com caverna em seu interior, ela é ponto de encontro para fãs de esportes radicais, que fazem escalada e rapel por ali.
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Como chegar
De Fortaleza até Ubajara, o viajante leva cerca de 5 horas para percorrer, de carro, os 315 km de distância. Outra opção é partir da capital do Piauí. O trajeto de Teresina a Ubajara tem 270 km e a viagem de carro dura 4 horas.
A cidade tem quase 1.400 leitos de hospedagem, entre 40 hotéis e pousadas. Em Ubajara, há ainda 20 locais para alimentação, como restaurantes e lanchonetes.
O sinal de celular na cidade é bom para as principais operadoras de telefonia, exceto nas áreas de mata, onde pode oscilar.
A maioria dos estabelecimentos comerciais opera com cartão, mas vale levar dinheiro em espécie na sua viagem. Na cidade há agências do Banco do Brasil e do Bradesco, além de dois caixas eletrônicos do Banco24Horas e uma lotérica.
G1 > Turismo e Viagem
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