Letícia Dennis documentam sua expedição no blog “Entre Parques BR”, que tem como objetivo incentivar outras pessoas a valorizem os parques nacionais brasileiros Dennis e Letícia em visita no Parque Nacional da Serra das Confusões, no Piauí
Arquivo Pessoal via BBC
Desde 2021 morando em um pequeno trailer, Dennis Hyde, de 42 anos, e Letícia Alves, de 38, percorrem o Brasil com um objetivo audacioso e, até onde se sabe, nunca antes conquistado: conhecer todos os 74 parques nacionais do país.
Casados desde 2017, foi depois de uma viagem que fizeram no ano seguinte, para o Piauí, que a vontade de fazer uma expedição maior surgiu. Lá, o plano inicial era visitar a Serra da Capivara, um parque bastante conhecido por abrigar pinturas rupestres feitas entre seis a 12 mil anos atrás.
“Decidimos ver o que mais tinha por ali e descobrimos que mais dois parques nacionais ficavam relativamente próximos: a Chapada das Mesas e a Serra das Confusões. O segundo é o maior parque nacional fora da Amazônia e tem quase um milhão de hectares. Isso dá quase oito vezes a cidade de São Paulo”, conta Dennis.
Apesar da extensão do parque, os dois foram os únicos visitantes do parque naquele mês, o que chamou a atenção deles.
“Conversando com o Jadiel, nosso guia, perguntamos o que acontecia então no dia a dia, sem muitas visitas turísticas. Ele contou que tinha gente tirando árvores para fazer carvão, caça, várias atividades ilegais acontecendo. Os parques não têm cercas, não tem guardas.”
Dennis lembra que voltaram para casa com inquietações, sentindo que precisavam conhecer e valorizar mais os patrimônios naturais do Brasil antes que fosse tarde.
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Macaco-prego no Parque Nacional do Ubajara, no Ceará
Arquivo Pessoal/Entre Parques BR via BBC
Primeiro, a ideia do casal era continuar trabalhando na capital paulista – ele, como economista, atuando na área do mercado financeiro há duas décadas, e ela, psicóloga junguiana com seu consultório próprio – e visitar os parques em todas as férias anuais.
“Pesquisamos quantos parques tinha, mas não encontramos essa informação. Foi mais fácil achar números de outros países, como Estados Unidos e Canadá do que do Brasil. Nos perguntamos: por que será? Começamos a mapear um por um e ver se eles não eram perigosos, se não era uma coisa impossível de chegar. E a gente viu que não, eles estavam lá para a gente visitar – e eram 74”, diz Dennis.
“Ao longo das nossas férias durante a vida inteira, levaríamos mais de três décadas. Pensando na situação de degradação contínua do meio ambiente, consideramos que em 35 anos poderíamos não ter mais parques.”
O casal passou então a se preparar, durante três anos, para a expedição que fazem hoje – e que é possível acompanhar pelo Instagram, na conta chamada de “Entre Parques BR”, e pelo site, onde os interessados podem não só checar informações e impressões sobre a expedição, mas também usar filtros para encontrar parques conforme as características desejadas.
É possível filtrar por estado, características naturais (vales, nascentes de rios, montanhas, mangues, cavernas…); por infraestrutura disponível (perto de aeroportos, com acessibilidade para cadeirantes, próximos a grandes centros…); por atividade (ciclismo, escalada, banho de cachoeira ou de rio…) e também entre os mais novos ou antigos, maiores ou menores.
No site, há também um ebook que mostra onde fica e por onde acessar, qual é o bioma protegido e destaques de motivos para visitar cada parque.
O documento apresenta, inclusive, estimativas de quanto a visitação constante de turistas poderia agregar caso as viagens a parques nacionais se tornassem tão comuns quanto são nos Estados Unidos, um dos países com tradição em promover essas áreas de conservação como destino de férias e feriados.
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A importância dos parques nacionais
No Brasil, os Parques Nacionais são a mais popular e antiga categoria de Unidade de Conservação. Há outras, como estações ecológicas, reservas biológicas e monumentos naturais – ao todo, são mais de duas mil unidades de conservação.
“Em relação aos parques, especificamente, sua importância está na proteção de toda a biodiversidade ali presente, assim como ecossistemas, paisagens e até monumentos culturais históricos que existem dentro dessas grandes áreas”, explica Flávia Campassi, especialista em Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
“E é também importante para conservação de todas as espécies que já foram descobertas e das que ainda não foram descobertas. Outra importância muito relevante dos parques nacionais é justamente proporcionar o contato com a natureza e o conhecimento sobre ecologia para a sociedade.”
Um Teiú avistado pelo casal no Parque Nacional das Emas. “Por onde você olhar, há vida”, diz o casal sobre os parques
Arquivo Pessoal/Entre Parques BR via BBC
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‘Chamado’
Letícia e Dennis descrevem a expedição como a resposta a um “chamado”, uma espécie de missão que sentiram que tinham a obrigação – mas também o desejo – de pegar para si.
Eles se tornaram mais do que turistas comuns. Com estudo, planejamento e bastante esforço, adquiriram conhecimentos técnicos para percorrer trilhas, como leitura de carta topográfica e mapas, além do uso de equipamentos de GPS e kit de primeiros socorros.
“Cada parque é um mundo. Não existe hoje uma identidade única ou coisas que a gente aplique para um que se repita para o outro. Além da natureza singular de cada um, a parte de acesso à informação a cada um deles, e também em questões como se já teve a regularização fundiária, se tem uma sede…”, conta Letícia.
Por isso, o planejamento muda de acordo com qual lugar vão visitar, tanto para questões de deslocamento quanto para os programas que pretendem fazer na média de 15 dias que ficam em cada parque – um tempo considerado suficiente por eles para que possam explorar os territórios sem pressa, descansando quando necessário, e aprendendo ao longo do caminho.
“Gostamos, por exemplo, de fazer visitas tanto com guia quanto sozinhos. Eu acho que são experiências muito diferentes. A gente gosta de ter o nosso tempo livre, de poder vivenciar o parque, ficar em uma cachoeira o dia todo, e não só para tirar uma foto. Por outro lado, acompanhados, conseguimos aprender mais sobre a cultura local, vegetação e geologia, por exemplo”, avalia a psicóloga.
Visita responsável é forma de valorização
Dennis e Letícia descrevem que gostariam que os parques nacionais se tornassem destinos-desejo e que fossem a primeira opção nos planos de férias, feriados, viagens com família, amigos ou sozinhos.
“A gente está aqui pelos parques, né? Por nós, em uma parte, mas mais pelos parques, porque acreditamos que sem conhecê-los é impossível valorizá-los. E sem valorização não tem conservação”, argumenta Dennis.
Letícia e Dennis no Parque Nacional de Lençóis Maranhenses, onde a contratação de guias credenciados é obrigatória para visitação com veículos motorizados
Arquivo Pessoal via BBC
O casal relata que, em locais onde há mais turistas, há, também, mais infraestrutura e fiscalização. Por isso, incentivam a visitação nos posts que fazem nas redes sociais, mas às vezes recebem críticas e dúvidas de seguidores que imaginam que o turismo possa prejudicar as áreas de conservação.
A especialista em conservação Flávia Campassi aponta que a atividade turística é, sim, benéfica, mas deve sempre ser feita de forma responsável e harmoniosa com o meio ambiente.
Por um lado, o turismo mais intenso provoca algumas alterações no ambiente, mas que podem ser controladas se essas atividades são ordenadas adequadamente. Todos os parques têm um plano de manejo, por exemplo, que é um documento que já traz todos os estudos e as definições de quais áreas os visitantes podem visitar e quais tipos de atividades de uso público que é o turismo dentro dessas áreas.
Ela concorda que a visitação pode também inibir caso de depredação, caça ilegal e outros crimes.
“Na Mata Atlântica, por exemplo, temos extração de palmito juçara [ameaçado de extinção] de forma ilegal, além de pessoas vandalizando cavernas, modificando pinturas rupestres, e por aí vai. Além de faltar a regularização fundiária em alguns locais, a fiscalização e o monitoramento dessas áreas muitas vezes é precária. As equipes geralmente são enxutas e têm que fazer a gestão de áreas enormes. Mas a presença de grupos valorizando essas áreas pode acabar inibindo algumas dessas infrações”, aponta a especialista.
Casa-móvel de 4m² e sensação de segurança
A moradia do casal é um trailer de 4m². “Antes ele tinha 11m², mas estávamos achando grande demais – e não é piada”, dizem.
“A gente tem uma caminhonete que é 4×4, que a gente consegue efetivamente chegar aonde precisa, em terrenos muito acidentados, mas a gente carrega o mini trailer, que chega bem próximo dos parques”, conta Letícia.
O casal raramente fica em hotéis ou pousadas. “Só quando realmente precisamos por questões de logística. Tanto por uma questão financeira mesmo, quanto por uma questão interna. É ruim passar muito tempo sem ter uma base, uma referência de lar.”
Nos 53 mil quilômetros rodados de carro (e foram mais de dois mil quilômetros percorridos a pé ou remados), Dennis e Letícia avaliam que nunca se sentiram ameaçados morando no pequeno trailer.
“Imaginamos que algumas situações poderiam nos deixar inseguros no trailer, mas essa é uma parte surpreendentemente tranquila – nos sentimos melhor quanto menor é a cidade. Às vezes paramos em postos de gasolina para dormir entre os caminhoneiros, que têm uma comunidade, e também é ótimo”, afirma Letícia.
A maior insegurança que enfrentam são as estradas. “Por isso evitamos dirigir à noite, tem muita imprudência e vários buracos nas vias. Dirigimos devagar, com cautela, e sempre de dia quando estamos carregando o trailer.”
Letícia é a responsável pelo volante, e Dennis cuida da alimentação dos dois, que são vegetarianos.
Dividir tarefas e manter a individualidade, respeitando um ao outro em seus ritmos diferentes nas trilhas e outras atividades, são maneiras que Dennis e Letícia contam ter encontrado para continuar vivendo um relacionamento saudável dividindo todas as horas do dia em um espaço tão pequeno quanto o mini trailer – embora seus quintais sejam imensos.
“Não é um desafio para nós. Encontramos o nosso ritmo e é por isso que a expedição funciona. Também não focamos tanto em nós dois ao documentar o projeto: o que queremos é emprestar o nosso olhar para que os parques sejam os protagonistas”, diz Letícia.
O casal não tem planos sobre o que fazer quando a expedição acabar.
“Evitamos ficar pensando no fim para que isso não altere a maneira como estamos vivenciando o agora”, completa ela.
“Meu desejo secreto é que quando eles tiverem atingido a meta de visitar os 74 parques nacionais brasileiros, outros sejam criados e eles precisem então prolongar então essa grande expedição”, brinca Flávia Campassi, imaginando que outras áreas no espaço nacional poderiam entrar para essa categoria de conservação.
“O mais bacana é que eles estão se propondo a algo inédito e que com certeza vai atrair outros ou outras pessoas, com experiência ou não, inspirando-as para explorar todos esses parques.”
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Casados desde 2017, foi depois de uma viagem que fizeram no ano seguinte, para o Piauí, que a vontade de fazer uma expedição maior surgiu. Lá, o plano inicial era visitar a Serra da Capivara, um parque bastante conhecido por abrigar pinturas rupestres feitas entre seis a 12 mil anos atrás.
“Decidimos ver o que mais tinha por ali e descobrimos que mais dois parques nacionais ficavam relativamente próximos: a Chapada das Mesas e a Serra das Confusões. O segundo é o maior parque nacional fora da Amazônia e tem quase um milhão de hectares. Isso dá quase oito vezes a cidade de São Paulo”, conta Dennis.
Apesar da extensão do parque, os dois foram os únicos visitantes do parque naquele mês, o que chamou a atenção deles.
“Conversando com o Jadiel, nosso guia, perguntamos o que acontecia então no dia a dia, sem muitas visitas turísticas. Ele contou que tinha gente tirando árvores para fazer carvão, caça, várias atividades ilegais acontecendo. Os parques não têm cercas, não tem guardas.”
Dennis lembra que voltaram para casa com inquietações, sentindo que precisavam conhecer e valorizar mais os patrimônios naturais do Brasil antes que fosse tarde.
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Primeiro, a ideia do casal era continuar trabalhando na capital paulista – ele, como economista, atuando na área do mercado financeiro há duas décadas, e ela, psicóloga junguiana com seu consultório próprio – e visitar os parques em todas as férias anuais.
“Pesquisamos quantos parques tinha, mas não encontramos essa informação. Foi mais fácil achar números de outros países, como Estados Unidos e Canadá do que do Brasil. Nos perguntamos: por que será? Começamos a mapear um por um e ver se eles não eram perigosos, se não era uma coisa impossível de chegar. E a gente viu que não, eles estavam lá para a gente visitar – e eram 74”, diz Dennis.
“Ao longo das nossas férias durante a vida inteira, levaríamos mais de três décadas. Pensando na situação de degradação contínua do meio ambiente, consideramos que em 35 anos poderíamos não ter mais parques.”
O casal passou então a se preparar, durante três anos, para a expedição que fazem hoje – e que é possível acompanhar pelo Instagram, na conta chamada de “Entre Parques BR”, e pelo site, onde os interessados podem não só checar informações e impressões sobre a expedição, mas também usar filtros para encontrar parques conforme as características desejadas.
É possível filtrar por estado, características naturais (vales, nascentes de rios, montanhas, mangues, cavernas…); por infraestrutura disponível (perto de aeroportos, com acessibilidade para cadeirantes, próximos a grandes centros…); por atividade (ciclismo, escalada, banho de cachoeira ou de rio…) e também entre os mais novos ou antigos, maiores ou menores.
No site, há também um ebook que mostra onde fica e por onde acessar, qual é o bioma protegido e destaques de motivos para visitar cada parque.
O documento apresenta, inclusive, estimativas de quanto a visitação constante de turistas poderia agregar caso as viagens a parques nacionais se tornassem tão comuns quanto são nos Estados Unidos, um dos países com tradição em promover essas áreas de conservação como destino de férias e feriados.
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No Brasil, os Parques Nacionais são a mais popular e antiga categoria de Unidade de Conservação. Há outras, como estações ecológicas, reservas biológicas e monumentos naturais – ao todo, são mais de duas mil unidades de conservação.
“Em relação aos parques, especificamente, sua importância está na proteção de toda a biodiversidade ali presente, assim como ecossistemas, paisagens e até monumentos culturais históricos que existem dentro dessas grandes áreas”, explica Flávia Campassi, especialista em Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
“E é também importante para conservação de todas as espécies que já foram descobertas e das que ainda não foram descobertas. Outra importância muito relevante dos parques nacionais é justamente proporcionar o contato com a natureza e o conhecimento sobre ecologia para a sociedade.”
Um Teiú avistado pelo casal no Parque Nacional das Emas. “Por onde você olhar, há vida”, diz o casal sobre os parques
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‘Chamado’
Letícia e Dennis descrevem a expedição como a resposta a um “chamado”, uma espécie de missão que sentiram que tinham a obrigação – mas também o desejo – de pegar para si.
Eles se tornaram mais do que turistas comuns. Com estudo, planejamento e bastante esforço, adquiriram conhecimentos técnicos para percorrer trilhas, como leitura de carta topográfica e mapas, além do uso de equipamentos de GPS e kit de primeiros socorros.
“Cada parque é um mundo. Não existe hoje uma identidade única ou coisas que a gente aplique para um que se repita para o outro. Além da natureza singular de cada um, a parte de acesso à informação a cada um deles, e também em questões como se já teve a regularização fundiária, se tem uma sede…”, conta Letícia.
Por isso, o planejamento muda de acordo com qual lugar vão visitar, tanto para questões de deslocamento quanto para os programas que pretendem fazer na média de 15 dias que ficam em cada parque – um tempo considerado suficiente por eles para que possam explorar os territórios sem pressa, descansando quando necessário, e aprendendo ao longo do caminho.
“Gostamos, por exemplo, de fazer visitas tanto com guia quanto sozinhos. Eu acho que são experiências muito diferentes. A gente gosta de ter o nosso tempo livre, de poder vivenciar o parque, ficar em uma cachoeira o dia todo, e não só para tirar uma foto. Por outro lado, acompanhados, conseguimos aprender mais sobre a cultura local, vegetação e geologia, por exemplo”, avalia a psicóloga.
Visita responsável é forma de valorização
Dennis e Letícia descrevem que gostariam que os parques nacionais se tornassem destinos-desejo e que fossem a primeira opção nos planos de férias, feriados, viagens com família, amigos ou sozinhos.
“A gente está aqui pelos parques, né? Por nós, em uma parte, mas mais pelos parques, porque acreditamos que sem conhecê-los é impossível valorizá-los. E sem valorização não tem conservação”, argumenta Dennis.
Letícia e Dennis no Parque Nacional de Lençóis Maranhenses, onde a contratação de guias credenciados é obrigatória para visitação com veículos motorizados
Arquivo Pessoal via BBC
O casal relata que, em locais onde há mais turistas, há, também, mais infraestrutura e fiscalização. Por isso, incentivam a visitação nos posts que fazem nas redes sociais, mas às vezes recebem críticas e dúvidas de seguidores que imaginam que o turismo possa prejudicar as áreas de conservação.
A especialista em conservação Flávia Campassi aponta que a atividade turística é, sim, benéfica, mas deve sempre ser feita de forma responsável e harmoniosa com o meio ambiente.
Por um lado, o turismo mais intenso provoca algumas alterações no ambiente, mas que podem ser controladas se essas atividades são ordenadas adequadamente. Todos os parques têm um plano de manejo, por exemplo, que é um documento que já traz todos os estudos e as definições de quais áreas os visitantes podem visitar e quais tipos de atividades de uso público que é o turismo dentro dessas áreas.
Ela concorda que a visitação pode também inibir caso de depredação, caça ilegal e outros crimes.
“Na Mata Atlântica, por exemplo, temos extração de palmito juçara [ameaçado de extinção] de forma ilegal, além de pessoas vandalizando cavernas, modificando pinturas rupestres, e por aí vai. Além de faltar a regularização fundiária em alguns locais, a fiscalização e o monitoramento dessas áreas muitas vezes é precária. As equipes geralmente são enxutas e têm que fazer a gestão de áreas enormes. Mas a presença de grupos valorizando essas áreas pode acabar inibindo algumas dessas infrações”, aponta a especialista.
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“A gente tem uma caminhonete que é 4×4, que a gente consegue efetivamente chegar aonde precisa, em terrenos muito acidentados, mas a gente carrega o mini trailer, que chega bem próximo dos parques”, conta Letícia.
O casal raramente fica em hotéis ou pousadas. “Só quando realmente precisamos por questões de logística. Tanto por uma questão financeira mesmo, quanto por uma questão interna. É ruim passar muito tempo sem ter uma base, uma referência de lar.”
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“Imaginamos que algumas situações poderiam nos deixar inseguros no trailer, mas essa é uma parte surpreendentemente tranquila – nos sentimos melhor quanto menor é a cidade. Às vezes paramos em postos de gasolina para dormir entre os caminhoneiros, que têm uma comunidade, e também é ótimo”, afirma Letícia.
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Letícia é a responsável pelo volante, e Dennis cuida da alimentação dos dois, que são vegetarianos.
Dividir tarefas e manter a individualidade, respeitando um ao outro em seus ritmos diferentes nas trilhas e outras atividades, são maneiras que Dennis e Letícia contam ter encontrado para continuar vivendo um relacionamento saudável dividindo todas as horas do dia em um espaço tão pequeno quanto o mini trailer – embora seus quintais sejam imensos.
“Não é um desafio para nós. Encontramos o nosso ritmo e é por isso que a expedição funciona. Também não focamos tanto em nós dois ao documentar o projeto: o que queremos é emprestar o nosso olhar para que os parques sejam os protagonistas”, diz Letícia.
O casal não tem planos sobre o que fazer quando a expedição acabar.
“Evitamos ficar pensando no fim para que isso não altere a maneira como estamos vivenciando o agora”, completa ela.
“Meu desejo secreto é que quando eles tiverem atingido a meta de visitar os 74 parques nacionais brasileiros, outros sejam criados e eles precisem então prolongar então essa grande expedição”, brinca Flávia Campassi, imaginando que outras áreas no espaço nacional poderiam entrar para essa categoria de conservação.
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