Reestruturação deve gerar uma economia de R$ 250 milhões por ano à estatal, que fechou ainda 14 dos 16 escritórios em todo o país. Novos concursos públicos estão vedados até 2021. Pesquisadores da Embrapa trabalham no primeiro banco genético voltado para aquicultura
Reprodução/Jornal Nacional
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) concluiu neste ano um plano de demissão incentivada que teve a adesão de cerca de 1.200 funcionários, em meio a um programa de reestruturação da estatal que inclui metas para ampliar sistemas produtivos sustentáveis, disse o presidente da companhia nesta quarta-feira (04).
Segundo Celso Moretti, a adesão ao plano de demissões desses 1.200 funcionários permitirá uma economia de R$ 250 milhões por ano para a empresa. Ele não falou no total gasto com o programa.
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Além disso, em entrevista coletiva na internet para anunciar o novo Plano Diretor da Embrapa, ele afirmou que a companhia fechou 14 dos 16 escritórios de negócios espalhados pelo país, porque grande parte já não cumpria os objetivos propostos. A empresa também eliminou 41 cargos comissionados, completou.
Moretti mencionou que a Embrapa conta com 8.200 colaboradores, dos quais 2.200 pesquisadores.
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Em meio a cortes no orçamento por conta da situação fiscal do governo, o presidente disse que a companhia está implementando um sistema de gestão integrada que vai “colocar a Embrapa em outro patamar”.
“A Embrapa vai seguir entregando valor para sociedade, contribuindo para que a agricultura seja movida a ciência, mas ela está fazendo seu dever de casa, melhorando sua eficiência, seu trabalho organizacional”, comentou.
Ele admitiu que as metas ligadas à gestão no plano até 2030 estão relacionadas à reestruturação que será realizada na empresa e também às mudanças já em andamento.
Ao mesmo tempo, Moretti afirmou que existe negociação com os ministérios da Agricultura e da Economia para a recomposição de algumas vagas de pesquisadores e analistas, mas acrescentou que até 2021 estão vedados concursos públicos que não estavam previstos.
“Vamos trabalhar para recompor a força em algumas unidades, mas estamos trabalhando para redistribuir a nossa força de trabalho. Algumas regiões estão bem aquinhoadas e em outras regiões temos déficit. A partir do ano que vem vamos começar a nos planejar para que, a partir de 2022, possamos pensar em fazer concursos”, completou.
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Metas sustentáveis
Ele citou que, considerando as metas da Embrapa relacionadas à mitigação de mudanças do clima, a companhia tem o objetivo de colaborar para, até 2025, ampliar em 10 milhões de hectares o uso de sistemas integrados de recuperação de pastagens no Brasil, “contribuindo para mitigação de 60 milhões de CO2 equivalente”.
“Há 30 anos a Embrapa trabalha com sistemas de integração de lavoura-pecuária-floresta. A nossa ideia é que com o avanço dessa tecnologia e incorporação de novas áreas de pastagens, sobretudo pastagens degradadas… (possamos) levar o Brasil a ter mais 10 milhões de hectares em sistemas integrados”, afirmou.
O Brasil já desenvolve esses sistemas integrados em cerca de 17 milhões de hectares, citou o presidente da Embrapa.
Outro objetivo da empresa é, até 2025, incrementar em 20% o benefício econômico gerado por práticas agropecuárias e tecnologias sustentáveis desenvolvidas pela companhia e parceiros.
“Desde a década de 90 a Embrapa vem trabalhando com bioinsumos, a fixação biológica de nitrogênio é o grande exemplo. Ano passado o produtor brasileiro deixou de gastar 22 bilhões de reais em adubos nitrogenados…”, disse ele, citando técnicas que permitem que fixação no solo de nitrogênio da atmosfera.
A companhia também quer aumentar a receita com o licenciamento de produtos, que hoje gira em torno de 35 milhões a 40 milhões de reais.
“Pretendemos aumentar a receita fazendo ajustes no modelo de negócios”, disse ele, observando que atualmente a Embrapa recebe royalties das tecnologias, mas que a mudança passa por formar sociedades de propósito específico com sócios, para a divisão de riscos e lucros.
Entretanto, o presidente admitiu que algumas metas podem ficar comprometidas se a Embrapa tiver “restrições orçamentárias sérias”.
“Estamos trabalhando para recompor o orçamento da Embrapa, temos tido reuniões semanais com a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e tenho fé que consigamos recompor o orçamento para que consigamos realizar as entregas que nos comprometemos”, declarou, sem detalhar valores.
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