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Por que frio intenso e antecipado favorece safra de uvas no inverno em Ribeirão Preto e Franca

Ao contrário da região Sul, em que os frutos amadurecem no verão, no Sudeste do país, maturação dos frutos ocorre na estação mais fria do ano. Produtores esperam dobrar produção em 2022. Temperaturas mais baixas favorecem a produção de uvas na região
Quando o dia amanhece com céu azul e temperaturas baixas, as parreiras em Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão Preto (SP), recebem os raios de sol como um abraço. Na vinícola, a onda de frio em maio é bem-vinda para os cachos de uvas que começam a amadurecer.
“A gente está em uma transição da uva, ela está entrando em um processo de maturação. A gente chama esse estágio de pintor: ela começa a sair do verde para atingir a coloração tinta. Essa é uma uva syrah, para produzir vinhos tintos. Esse é o início do processo de maturação da uva”, explica o engenheiro agrônomo Ricardo Baldo.
Com o clima favorável, a expectativa é de bons frutos para a colheita prevista para ter início em julho. Em 2021, com o frio intenso do inverno, a safra rendeu 30 mil garrafas; antes, em 2020, foram sete mil.
“Aqui [amadurecimento] ela começa a acumular açúcares, flavonoides, antocianinas, são todos os famosos elementos que fazem bem o vinho, principalmente para o coração. Com um processo de maturação da uva plena, a gente vai conseguir fazer vinhos de alta qualidade”, afirma Baldo.
Plantação de uva na região de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/ EPTV
Cultivo diferente do que é feito no Sul
Na região Sul do Brasil, o ciclo natural de produção da uva faz com que as parreiras amadureçam em janeiro e fevereiro, pleno verão. Mas, em Bonfim, o cultivo é voltado para o amadurecimento nos meses mais frios, técnica conhecida como dupla poda, que faz com que a lavoura produza frutos no inverno.
A amplitude térmica desta época do ano, com noites mais frias e dias mais quentes, e o solo seco formam o cenário ideal para as uvas.
“O verão no Sudeste tem alta temperatura e alta umidade, porque chove demais e é muito quente. Com isso, a gente teria uma propagação muito grande de fungos que trariam muitas doenças para a uva. Fora a diluição do açúcar, porque chove demais e a baga acaba sendo diluída. Então, tudo isso não nos favoreceria para produzir vinhos de qualidade”, explica Baldo.
Em Franca (SP), o produtor Maurício Orlof afirma que o cultivo de dupla poda só foi possível à mudança do manejo no Brasil, por meio de um estudo da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig). O metabolismo da planta é condicionado para que os frutos sejam produzidos no inverno.
“Aqui, na Alta Mogiana, a gente tirou através de manejo, de podas, a maturação. A entrega do fruto pela planta, de dezembro a fevereiro, a gente trouxe para julho, agosto e setembro, onde faz mais frio à noite, há dias longos e ensolarados. Isso faz com que o fruto tenha plena maturação. O dulçor e a maturação fenólica dela, que é aroma, nariz e boca, você consegue agregar muita coisa e entregar um fruto de alta qualidade e totalmente são.”
Produção em dobro
O vinhedo de Orlof começou a produzir em 2014, e a primeira safra rendeu 250 garrafas. Hoje, os produtores trabalham com três tipos diferentes de uvas, sendo que a última safra rendeu 11 mil garrafas de vinho. A expectativa é de que em 2022 o número chegue a 20 mil garrafas, quase o dobro de 2021.
Em Bonfim, os vinhos com as uvas colhidas em julho devem chegar às taças dos consumidores na metade de 2023.
“O processo é elaborado e minucioso. Temos dois tipos de vinho: o que tem maturação no aço inox, que é o que vai refletir o terroir de Ribeirão Preto, ele é extremamente frutado. Vamos sentir no vinho o que o solo, o clima de Ribeirão oferecem. Ele não passa por madeira.”
Produção de uva é favorecida com o frio antecipado na região de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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