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‘Capital da palha’, Sales Oliveira gera renda e emprego ao transformar resíduo do milho em matéria-prima

De acordo com estimativas do município, um em cada 3 habitantes atuam no segmento. Procura pelo produto movimenta comércio para todo o país e turismo regional. Trabalhadores de Sales Oliveira fazem a separação da palha em plantação de milho
Edivaldo Ulisses Ferreira
Com uma produção estimada de 118,1 milhões de toneladas na safra 2021/22, o Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador de milho, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Mas, enquanto o grão alavanca o agronegócio nacional, a palha é uma atividade econômica importante em Sales Oliveira (SP), município a 55 quilômetros de Ribeirão Preto.
Com a ajuda do resíduo agrícola, e dos negócios derivados dessa produção, destinada principalmente à produção de cigarros, mas também no artesanato e para funcionalidades como, por exemplo, no embalo de doces caseiros, a cidade atingiu o sétimo maior PIB per capita do Brasil, de acordo com levantamento do IBGE em 2019.
“A cada ano aumenta a procura pela palha e, consequentemente, a produção. Entre 2018 e 2022, por exemplo, minha produção dobrou. Agora, espero conseguir armazenar 40% a mais de estoque para 2023”, afirma Edivaldo Ulisses Ferreira, empresário que atua no setor há dez anos.
Resíduo que virou oportunidade
Reconhecida desde 2017 pelo estado como “Capital da Palha”, a cidade de aproximadamente 12 mil habitantes tem um em cada três moradores lidando direta ou indiretamente com o produto, segundo estimativas da Prefeitura.
Considerada um resíduo agrícola, a palha geralmente é incinerada após a colheita ou usada em criadouros de aves. Mas, no município paulista, ela vira matéria-prima resultante de um processo cuidadoso e demorado que rende, em média, quatro toneladas para cada lote de 25 toneladas de milho, segundo Ferreira.
Máquinas de alta precisão ajudam a colher o milho para não estragar a palha
Edivaldo Ulisses Ferreira
Por mês, o empresário estima produzir por mês 1,5 mil pacotes, cada um deles contendo entre 500 e 1 mil folhas. Esse subaproveitamento é em parte resultado da dificuldade de se trabalhar com o material, que precisa ser colhido a mão, mas também tem relação com limitações físicas, explica Ferreira.
Com ao menos 273 hectares de área cultivada, segundo o IBGE, em Sales Oliveira o milho é plantado principalmente em pequenas propriedades e não é suficiente para atender toda a demanda.
“O processo de colheita é manual e lento para não danificar a palha. Também não temos tantas plantações na região, então é preciso ir a outros estados atrás de matéria-prima boa. Não é toda variedade de milho que conseguimos aproveitar”, ressalta.
Mercado em expansão
Hoje, Ferreira tem clientes em pelo menos seis estados brasileiros, além de compradores de fora do país, que sobretudo são produtores de palheiros. Uma procura que não se abalou mesmo em meio à pandemia da Covid-19.
Preocupado em atender uma demanda que tem se mostrado em alta, Ferreira fez parcerias com produtores rurais, principalmente em Minas Gerais e Goiás. Assim, eles ficam responsáveis pelo plantio e cultivo do milho, enquanto a empresa faz a colheita e a retirada da palha, com maquinário próprio, além do empacotamento e distribuição do produto.
“Ultimamente, nossa dificuldade está em achar palha de boa qualidade, visto que elas estão vindo brancas e finas, resultado de questões climáticas. Mas a pandemia não atrapalhou as vendas. Pelo contrário, com as pessoas por mais tempo em casa, comendo, bebendo e fumando, o consumo aumentou”, avalia.
Dona de um e-commerce especializado em palha e tabacaria que tem clientes em todo o país, Myrella Jucoski estima um faturamento anual de R$ 400 mil e projeta um aumento de 30% no volume de negócios para 2023.
“Enquanto os cigarros convencionais perdem espaço, o palheiro vem abrindo mercado, tanto que hoje podemos dizer que atendemos 100% dos estados brasileiros”, destaca.
Empregos e turismo regional
Os empregos gerados pelo setor atraem não só moradores de Sales Oliveira, como também de cidades vizinhas, como Orlândia (SP), Nuporanga (SP) e Morro Agudo (SP).
A fábrica de Ferreira, que começou apenas com membros da família, emprega hoje 40 pessoas, sem contar os que aproveitam oportunidades sazonais.
A geração de empregos e o movimento em pequenos comércios da região são alguns dos impactos positivos do setor, que também movimenta o turismo regional, segundo o gestor do Departamento Municipal de Cultura e Turismo, Fábio Henrique Borges.
Desde 2015, Sales Oliveira promove a “Festa da Palha e do Milho”, que fortalece a vocação local, além de incentivar o trabalho realizado por entidades e artistas locais a partir da matéria-prima.
“A estrutura do evento é composta pela exposição de equipamentos referentes à plantação, colheita e manufatura da palha do milho, pela exposição e venda de artesanatos feitos com ela, por comidas típicas elaboradas a base de milho, além de workshop e cursos”, conta.
Incluída no calendário turístico do estado de São Paulo, a festa é uma atração também importante para os setores de hotelaria e alimentação, segundo ele.
“A Festa da Palha e do Milho é um produto turístico, com a função de divulgar e apresentar a ‘Capital da Palha’ aos visitantes, reconhecendo o impacto cultural e econômico desse produto para o futuro da nossa cidade”, afirma.
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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