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De onde vem o que eu como: doce Romeu e Julieta tem nome inspirado em campanha publicitária com a Turma da Mônica


A combinação do queijo e goiabada teria surgido com os portugueses nos engenhos, para substituir uma receita do país natal que usava a marmelada. Doce Romeu e Julieta tem nome inspirado em campanha publicitária com a Turma da Mônica
Foto de Leandro Verolli no Pexels
O tradicional doce de queijo com goiabada chegou ao Brasil na época dos engenhos. Hoje o famoso Romeu e Julieta já faz parte de bolos, tortas, brigadeiro e quantas sobremesas a criatividade brasileira deixar.
Veja a receita de bolo de queijo parmesão com goiabada da professora de confeitaria Ana Costa no final da reportagem.
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O nome da combinação faz referência à famosa obra do escritor inglês William Shakespeare. Mas o apelidou pegou apenas na década de 60, muito depois da invenção.
Na ocasião, uma campanha publicitária de uma marca de goiabada apresentava o Cebolinha e a Mônica, do gibi Turma da Mônica, como Romeu e Julieta. A partir daí, o nome pegou, conta a pesquisadora de história da alimentação e autora de livros sobre o tema e do blog Garfadas Online, Ana Marques Pereira.
Na receita, Romeu é o queijo e a Julieta a goiabada.
A pesquisadora acredita que os portugueses que moravam no Brasil teriam desenvolvido a combinação para substituir a marmelada, um doce de sua terra natal. Em terras brasileiras, com saudades da sobremesa, essa população teria recorrido à goiabada para matar a vontade.
Tradicional doce de queijo com goiabada chegou ao Brasil na época dos engenhos.
Vivian Souza / G1
O queijo também teria chegado ao Brasil pelos portugueses. Mas, de lá para cá, evoluiu com a interferência de outros imigrantes e tem a sua popularidade cada vez maior no país.
Já a goiabada vem de uma fruta nacional. O doce, que nasceu para conservar a goiaba, consome 80% de toda a fruta direcionada para a indústria. Apesar de saborosa, a goiaba não é popular na mesa brasileira e enfrenta dificuldades nas lavouras por causa de pragas.
Além disso, goiaba brasileira não é atrativa para o mercado externo, já que é quase toda a produção é voltada para a fruta com a polpa vermelha, enquanto para o restante do mundo a preferência é pela branca.
Doce romeu e julieta.
Arte / G1
O Romeu
Ao que tudo indica, a combinação da goiabada com o queijo surgiu em Minas Gerais. A princípio, o “Romeu” dessa dupla seria o queijo minas padrão. Conforme a combinação se difundiu no Brasil, outras variedades foram tomando conta, explica Silmara Figueredo, consultora de marketing da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq).
Silmara explica que a diferença do minas padrão é que ele é mais prensado, leva entre 20 a 25 dias para maturação, se transformando em um queijo mais seco, um pouquinho mais salgado e ligeiramente acidificado.
Mas, dependendo da receita, qualquer queijo pode ser usado. Em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, é mais comum fazer a combinação com o minas frescal, alguns pratos levam cheddar, parmesão, entre outros.
O queijo representa o Romeu da receita da famosa sobremesa.
Kelly Brito/Divulgação
Queijo vem do estômago de animais?
De acordo com Silmara, a primeira vez que o ser humano teve contato com um queijo foi quando, ao atravessar desertos e longas distâncias, usava-se estômagos de animais como bolsas para armazenar leite. Com isso, a mistura do líquido com o fermento natural presente na estrutura do bicho fazia com que a massa sólida se separasse do soro.
No Brasil, os primeiros queijos, trazidos pelos portugueses que se estabeleceram em Minas Gerais, era mais rudimentar, se tratando em sua maioria de frescos, comenta Silmara.
Em seguida, vieram os dinamarqueses com produtos mais sofisticados, chamados de finos, como o queijo prato.
E, com os Italianos, os brasileiros aprenderam laticínios mais fortes, como o gorgonzola e o provolone.
Nos últimos 30 anos, a influência na área vem da cultura anglo-americana, com queijos mais industrializados, tal qual o cheddar.
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O que muda no artesanal?
De forma geral, todos os queijos têm a mesma base: a coagulação do leite, seguida da separação da parte sólida e do soro – sendo a massa que dará origem às variações do queijo, de acordo com o período de maturação e com os ingredientes inseridos, segundo a consultora de marketing da Abiq.
A principal diferença é que queijos considerados artesanais, no Brasil, podem ser feitos com leite cru, enquanto os demais devem usar leite pasteurizado, informa Silmara.
Essa exigência visa a segurança do alimento que será vendido longe de onde foi produzido, pois o leite cru tem uma validade menor, enquanto o pasteurizado garante que o produto não irá adquirir bactérias patogênicas. Por isso, os queijos artesanais devem ser vendidos nas proximidades do local de preparo.
Silmara afirma que essas normas estão mudando no Brasil e já existe uma flexibilização da venda dos queijos artesanais em longas distâncias.
Entenda mais sobre a produção de queijo artesanal, com o manuseio tradicional da região do Serro em Minas Gerais no vídeo abaixo:
Terra de Minas: Produção de queijo no Serro faz parte da cultura e da história de Minas Gerais. Exibido em janeiro de 2014.
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Paladar
De acordo com a consultora de marketing da Abiq, o brasileiro ainda está aprendendo a comer queijo e tem um paladar que tende a sabores mais suaves. Contudo, apesar dos queijos mais fortes, chamados especiais, agradarem a apenas 7% dos consumidores, eles estão se tornando mais populares.
Para a especialista, isto ocorre por alguns motivos. Primeiramente, os brasileiros, nos últimos 10 anos, tem viajado mais para fora e, quando voltam para casa, querem continuar comendo estes produtos.
Além disso, há um aumento da produção desses queijos e uma disseminação da gourmetização devido aos programas de culinária, despertando no consumidor o desejo por novas experiências.
De acordo com a Abiq, quase tudo o que o Brasil produz é para o próprio país, que não exporta nem importa grandes quantidades.
Em 2020, o Brasil exportou 4 mil toneladas de queijo e coalhadas e importou 3 mil toneladas, segundo dados do governo.
No ano passado, o país produziu 745 mil toneladas do laticínio, aponta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Queijo e Goiabada
Vivian Souza / G1
A Julieta
A goiabada surgiu como um meio para aproveitar a fruta durante todo o ano, já que é um produto de safra, explica José Egídio Flori, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido.
Além do açúcar ser um componente para a conservação, a fruta tem algumas características que favoreceram a criação do doce. Uma delas é a pectina, que a faz endurecer e alcançar o famoso “ponto” da culinária.
Ela também é rica em licopeno, uma substância que ajuda a prevenir o câncer e é responsável pela coloração vermelha do doce.
Brasil é líder na produção de goiaba vermelha.
Divulgação
Ketchup de goiaba
A fruta não está entre as mais populares no dia a dia dos brasileiros. No ranking de consumo, ela fica em 17° lugar e tem uma média anual per capta de apenas 300 gramas.
Por causa do baixo consumo, poucas empresas privadas investem em desenvolver variedades da fruta, comenta o pesquisador. Mas há apostas em novos meios de consumi-la.
Flori dá como exemplo o lançamento de um ketchup de goiaba. A ideia surgiu por causa da semelhança do produto com o tomate, que tem nutrientes em comum e a coloração vermelha. Mas o ingrediente não se tornou muito popular.
“Não era ruim, mas era a tradição de consumo. Eu mesmo sou metido a fazer macarronada e uso goiaba vermelha em vez de tomate, mas é um outro gosto, mais de goiaba do que de tomate (…) É como tentar levar o bode para o gaúcho, não vai gostar muito”, brinca Flori.
Goiaba branca vs vermelha
A produção dominada por pequenos produtores e uma média de 3 mil hectares por propriedade. O nosso principal plantio é a goiaba vermelha, enquanto em países da Europa e os Estados Unidos é a goiaba branca.
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As duas variedades, que são as mais famosas, possuem algumas diferenças. A branca é mais doce e, por isso, é a que mais atrai um inseto chamado gorgulho, também conhecido como bicho da goiaba. Por causa disso, ela não é facilmente produzida.
Já a vermelha, que é menos doce, não é um grande alvo da praga. Em contrapartida, ela tem o cheiro mais forte, além de ter nutrientes que a branca não tem, como o licopeno.
Outra problemática da goiaba vermelha é que ela tem pouca durabilidade, então fica mais difícil conservá-la durante o processo de exportação.
Goiaba branca é a mais produzida no exterior.
Uso livre.
Na lavoura
Ao todo, 90% da produção brasileira é da variedade Paluma, ela é popular por ter um bom rendimento do teor de sólidos solúveis, que é uma característica importante para a produção de doces e geleias.
Ela também tem a cor mais procurada no Brasil e é considerada rústica, ou seja, tem sua disseminação também realizada por animais, comenta o pesquisador da Embrapa.
A goiaba tem na região Sudeste a sua principal safra nos períodos de chuva. Mas, no Nordeste, quando em áreas irrigadas, ela pode se desenvolver o ano inteiro.
irrigação usa quase metade de toda a água do Brasil para produzir alimentos
Em condições ideais, ela precisa de um solo profundo, de textura média – não pode ter muita argila, nem areia – e se desenvolve melhor com a adubação orgânica.
Ainda hoje, a sua colheita é manual e as lavouras precisam passar pelo processo de raleio dos frutos.
O raleio é a retirada de alguns frutos pequenos para que, assim, os nutrientes da planta possam se direcionar a desenvolver goiabas maiores. Isso é feito porque o mercado dá preferência às frutas grandes.
Pés de goiaba precisam passar pelo processo de raleio para os frutos se desenvolverem maiores.
CNA Brasil
Luta contra pragas
As principais dificuldades do cultivo de goiaba, hoje, são as pragas. Em 2001, uma chamada nematoide foi identificada. Ela já chegou a dizimar goiabeiras em São Paulo, Pernambuco e na Bahia. Apenas em Pernambuco, ela foi responsável por reduzir a área plantada de 6.000 hectares para 2.500, conta Flori.
A nematoide come a raiz da planta, o que causa a sua morte. Atualmente já existe uma solução para ela, que é um enxerto de raiz resistente à praga.
Outro problema que afeta diversas lavouras brasileiras é o psilídeo, um pulgãozinho que se alimenta das folhas da goiabeira, causando grandes estragos. Não há uma solução sustentável para ele, aponta o pesquisador, há apenas o uso de defensivos.
Além disso, os agricultores também tem que lidar com o bicho da goiaba, sendo obrigados a plantar a fruta com ensacamento, tornando a produção mais cara.
Veja como combater pragas que dão na goiabeira:
Saquinho pode proteger goiaba dos bichos. Globo Rural exibido em 01/09/2013.
Receita de bolo Romeu e Julieta
Rendimento: 10 a 12 porções
Validade: até 2 dias
Massa do Bolo
Ingredientes
3 ovos (180 g);
200 g de açúcar refinado;
180 g de creme de leite (com soro);
80 g de óleo vegetal;
200 g de farinha de trigo;
40 g de amido de milho;
12 g fermento químico em pó;
100 g de queijo parmesão ralado.
Preparo:
Misture os ovos, açúcar, creme de leite e o óleo por 3 minutos no liquidificador com velocidade alta;
Peneire os secos e misture os ingredientes batidos;
Acrescente o queijo, mexa rapidamente;
Despeje a massa em uma forma de furo central de 22 cm untada;
Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 graus por 34 a 40 minutos, ou até que esteja firme ao toque;
Deixe amornar e desenforme.
Cobertura e decoração
Ingredientes:
180 g de goiabada em cubos;
120 ml de água;
Queijo parmesão a gosto para decorar.
Preparo:
Leve ao fogo médio a água e a goiabada;
Deixe cozinhar até que a goiabada dissolva completamente. Desligue o fogo e reserve;
Depois que a calda estiver fria, disponha sobre o bolo e decore com parmesão ralado.
Produção de queijo e goiabada para Romeu e Julieta emprega gente no campo e nas indústrias
Vídeos Agro: indústria-riqueza do Brasil

Fonte:

G1 > AGRO

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