A cozinheira de Guia Lopes da Laguna, Delaira Helena Alves Chagas, resolveu explorar um mundo novo: o digital. O que antes parecia um mistério, com a chegada das salas digitais no assentamento Retirada da Laguna, transformou-se em aprendizado e agora além de cozinhar, ela trabalha com artesanato e ainda ajuda os netos na atividade escolar, agora à distância, devido à pandemia.
“Com as salas digitais, eu tenho acesso à alguma coisa que eu precisava, tipo receita, um modelo de crochê. Eu tiro algumas dúvidas e ajudo até mesmo nas tarefas dos meus netos. Então para mim foi útil, porque eu não sabia nem mexer em celular. As meninas [monitoras] são muitos pacientes”, explica Delaira.
Com o aprendizado no crochê, ela começou a vender as peças produzidas e incrementar a renda familiar.
Para a monitora e estudante de pedagogia, Leidiane de Almeida Penha, 39 anos, avalia que o projeto tem sido positivo para a comunidade. “Nós trabalhamos de segunda a sexta, das 7h às 11h e das 13h às 17h. Ajudamos os alunos na atividade. Aqui é um assentamento com muitas pessoas e as que precisam de internet vem aqui acessar. É uma sala grande”, ressaltou a monitora, explicando também: “Os alunos que fazem faculdade a distância, via satélite, usam o local para pesquisar”.
Do mesmo modo, a monitora e também acadêmica de pedagogia, Sandra Graeff, aprova a implantação da sala de tecnologia. “Não estipulamos a quantidade certa por dia, vem que quiser, só que quando tem muita gente, nós organizamos e fazemos uma escala. A sala é grande e tem bastante espaço”.
Tecsocial
As salas de tecnologia são resultados do projeto Tecsocial – Projeto Tecnologias Sociais para o Desenvolvimento de Territórios da Cidadania de MS – TECSOCIAL, aprovado junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC e FINEP, coordenado desde 2011 pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
“A internet é fundamental para todas as pessoas e criamos essas salas digitais justamente para poder dar a oportunidade de estando no assentamento poder enxergar o mundo. O resultado está chegando com boas notícias de famílias sabiamente usando a tecnologia para crescer. É a ciência e a tecnologia contribuindo para a melhora na qualidade de vida das pessoas”, afirma o secretário titular da Semagro, Jaime Verruck.
O objetivo é viabilizar, em assentamentos e aldeias indígenas, o acesso às tecnologias digitais de informação e comunicação, e também como meio de promover inclusão social através do processo de educação para formação geral de toda a comunidade, além de estimulo ao associativismo e cooperativismo, aplicação de tecnologias para aumento da geração de renda nos processos de produção, utilização/participação em políticas públicas, entre outras.
Atualmente a Rede é composta de 9 (nove) centros de inclusão digital, sendo 05 localizados em assentamentos rurais e 04 localizados em aldeias indígenas.
Para a coordenadora de Ciência e Tecnologia da Semagro, Marina Dobashi, a iniciativa vem em tempo oportuno já que os alunos precisam do acesso ao conteúdo escolar, em forma digital. “Nos adaptamos para que a atual realidade não prejudique os alunos. A ideia é atender acadêmicos e alunos que estão estudando via EAD neste período de combate ao coronavírus e que não tem acesso à internet em casa”.
Ana Brito, Subcom
Fotos: Divulgação/TV Brasil (destaque)
Fonte: Governo do Estado de Mato Grosso do Sul