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Alta do dólar e demanda internacional elevam preços da soja brasileira, analisam pesquisadores da USP

Valorização do dólar frente ao Real deixa commodities do Brasil mais atrativas; colheita fica 66,2% acima da média de cinco anos, aponta Cepea, da Esalq, em Piracicaba (SP). Colheita de soja segue a todo vapor e estimativa de safra recorde se fortalece, segundo Cepea da Esalq em Piracicaba
Claudia Assencio/g1
Os preços da soja brasileira subiram nos mercados nacional e internacional no fim da primeira quinzena de abril, segundo boletim, publicado nesta segunda-feira (14), pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP).
No Brasil, a alta nas cotações é reflexo da valorização do dólar, que ultrapassou os R$ 6. O ritmo de negócios no mercado spot nacional, transação em que entrega da mercadoria é imediata com pagamento à vista, demonstrou restrições diante das variações cambiais”, aponta boletim.
💰No Porto de Paranaguá (PR), um dos principais exportadores de soja, farelo de soja e óleo de soja, o valor da saca de 60 quilos do grão fechou em R$ 137,89 no último dia 11 de abril, uma variação diária 0,39% mensal de, 4,31%, conforme indicares do Cepea.
Mercado atento
O cenário, conforme os pesquisadores do setor para o Cepea, “deixou parte dos agentes mais cautelosa e à espera de melhores oportunidades. O setor nacional segue bastante atento ao contexto externo”, observam.
No último dia 9 de abril, o governo dos Estados Unidos suspendeu por 90 dias as tarifas recíprocas de vários países, incluindo o Brasil.
“Por um lado, esse cenário trouxe certo alívio ao mercado e movimentou as transações internacionais, mas, por outro, acirrou a guerra comercial com a China, que, por sua vez, deve buscar intensificar as importações de outros países, como o Brasil – vale lembrar que a China já é o principal destino da soja brasileira”, analisam os pesquisadores no boletim.
Março
🌱Na última semana de março, a demanda externa pela soja brasileira elevou o ritmo de negócios no spot nacional, mercado financeiro em que os ativos das commodities são comprados e vendidos à vista, com entrega imediata, apontou o Cepea.
“Cenário foi influenciado pela valorização do dólar frente ao real, que que deixa as commodities do Brasil mais atrativas aos consumidores estrangeiros”, aponta o Cepea. A colheita do grão segue em alta.
Somado a esse cenário, os sojicultores demonstram mais interesse em comercializar parte da safra 2024/25 no mercado spot, especialmente para “fazer caixa” para o custeio de financiamentos para a próxima temporada.
💵Alta do dólar
O dólar, que já vinha em movimento de alta, fechou a R$ 5,99 no último dia 8 de abril, após os Estados Unidos confirmarem a cobrança de uma tarifa extra de 50% sobre produtos importados da China.
O dólar dias consecutivos de altas nos últimos dias de março e fechou a R$ 5,75, conforme investidores repercutiam novos parâmetros econômicos no Brasil e nos Estados Unidos, e continuavam atentos aos desdobramentos das recentes aumento de tarifas de importação impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
📝Leia mais, abaixo, e entenda panorama na reportagem, abaixo.
De acordo com dados da Secex, analisados pelo Cepea, o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas de soja até o dia 21 de março. A marca é 59,5% maior que o volume escoado em todo o mês de fevereiro.
🧑‍🌾Colheita
Segundo o Cepea, a colheita da soja brasileira segue em ritmo intenso e o clima vem contribuindo para “produtividade excepcional em grande parte do Brasil”.
“Até o último dia 23 de março, 76,4% da área total [dos plantios] tinham sido colhidos, superando os 66,3% registrados no mesmo período de 2024 e 66,2% acima da média de cinco anos, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)”, aponta o Cepea.
📈Expectativa de safra recorde
Com produtividade em alta e mercado aquecido, a safra de soja deve ter balanço recorde, segundo estimativas do setor analisadas pelo Cepea no início de março de 2025.
Ainda segundo o Centro de Pesquisas da Esalq/USP, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção nacional de soja em 167,37 milhões de toneladas.
“A marca representa 0,8% a mais que a apontada em fevereiro e 13,3% superior à da safra 2023/24. Desse total, 56,3% foram colhidos até nove de março”, aponta o órgão.
“A colheita de soja segue ‘a todo vapor’ nas principais regiões do Brasil. A maior produtividade vem se confirmando em muitas praças, o que reforça a estimativa de produção recorde no país. Com a oferta do grão aumentando e compradores mais ativos, os negócios para entrega imediatas se aqueceram”, segundo análise do Centro de Pesquisas.
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Produto Interno Bruto
A cadeia da soja e do biodiesel desbancou a estimativa de queda, recuperou os preços com a demanda aquecida nos mercados doméstico e externo e poderá atingir R$ 598,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024. desempenho equivale a 23,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Brasil.
Colheita da soja, o carro-chefe das culturas de verão nos Campos Gerais
Jaelson Lucas/Arquivo AEN
Segundo levantamento do Cepea da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o setor apresentou de melhora na renda e superou o nível pré-pandemia. A marca também equivale 5,1% do PIB nacional em 2024.
“Apesar da estimativa de queda de 11,48% na renda real, a retração foi amenizada graças à recuperação nos preços ao longo do período. A recuperação de preços foi impulsionada por uma demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo”, aponta o Cepea.
Resiliência
O comportamento da cadeia é de resilência, segundo o Cepea, porque queda no PIB da cadeia da soja e do biodiesel, projetada em 6,00% em 2024, permanece, impactado pela quebra de safra, mas a indústria conseguiu amortecer esses reflexos negativos com desempenhos positivos.
“Esse resultado é reflexo da quebra da safra da soja, que levou a um recuo de 13,53% no PIB do segmento primário em comparação a 2023. Por outro lado, o desempenho robusto da indústria de insumos, com aumento de 3,98%, e do segmento pós-porteira (+1,07%), com destaque para o biodiesel [com alta de 23,23%, contribuiu para mitigar os impactos negativos. Segundo pesquisadores do Cepea e da Abiove, embora com PIB em queda, a cadeia da soja e do biodiesel ainda irá agregar o segundo maior volume de sua história”, observou os pesquisadores do setor.
Mercado de trabalho
A estimativa para o terceiro trimestre aponta uma redução de 2,64% no número de trabalhadores da cadeia, totalizando 2,23 milhões de ocupados.
“Apesar disso, a cadeia manteve sua relevância no mercado de trabalho, empregando 9,41% dos trabalhadores do agronegócio e 2,17% da força de trabalho da economia brasileira. O segmento de agrosserviços apresentou uma queda de 5,24% na ocupação, enquanto os segmentos de insumos (+3,48%), primário (+1,67%) e a agroindústria (18,13%) mostraram crescimento”, apontou.
Exportações
O valor das exportações da cadeia da soja e do biodiesel no terceiro trimestre de 2024 foi de US$ 13,91 bilhões, uma queda de 12,57% em relação ao mesmo período de 2023.
“O volume exportado cresceu 1,36%, enquanto os preços médios de exportação recuaram 13,74%, pressionados pela maior oferta global de soja e condições climáticas favoráveis em grandes produtores como EUA e Rússia”, aponta o relatório do Cepea.
China
A China se manteve como o principal destino, absorvendo 75,21% das exportações de soja, 22,97% das exportações de óleo e 46,24% do total exportado de biodiesel, glicerol e proteína de soja. A União Europeia e o Sudeste Asiático também se destacaram.
Clima atrapalha e derruba produtividade da soja
Reprodução/TV TEM
Afinal, o que é o PIB do Agronegócio?
A professora da Esalq e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Nicole Rennó Castro, explica, em publicação no site do Cepea, que para calcular o PIB do Agro, são usadas informações secundárias e oficiais do IBGE.
“O PIB do Agro é um conceito mais amplo e abrangente que o de agropecuária, que engloba também atividades econômicas de outros setores de atividade, indústria e serviços. Especificamente, o agronegócio é definido como um setor econômico com ligações com a agropecuária”, explica.
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O setor envolve a produção de insumos para a agropecuária, a própria agropecuária, as agroindústrias de processamento dessas matérias-primas e a distribuição e demais serviços necessários para que os produtos agropecuários e agroindustriais cheguem ao consumidor final.
“O setor “agronegócio” não é definido nas classificações de atividades econômicas oficiais adotadas pelos órgãos responsáveis pelas contas nacionais dos países (como o IBGE no Brasil), e, por isso, não há estatísticas oficiais sobre o PIB (ou outros agregados, como o emprego) desse setor”, acrescenta a pesquisadora em artigo publicado no site do Cepea.
“É importante enfatizar que o Cepea apenas aplica aos dados nacionais um conceito que foi definido e é entendido, naturalmente com certas diferenças, internacionalmente”, conclui.
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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