Preço da caixa de 40 quilos da laranja pera, colhidas na árvore, chegou a R$ 52,16, segundo cotação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq. Laranjas em caixas aguardam transporte após receberem aplicação da cera de carnaúba em packing house da Citrícola Lucato, em Limeira (SP)
Fábio Tito/g1
As chuvas registradas em outubro impactaram positivamente o desenvolvimento dos pomares de laranja das cidades que compõem o cinturão citrícola do estado de São Paulo, incluindo Limeira (SP), conforme cotação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do Escola da Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o campus da USP em Piracicaba (SP), divulgada na última sexta-feira (20).
O preço da caixa de 40 quilos da laranja pera, colhidas na árvore, chegou a R$ 52,16, segundo cotação do Cepea. Uma alta de quase 3% na segunda quinzena de outubro na comparação com os valores observados no início do mês.
Ainda segundo informações de produtores do setor ao Cepea, as chuvas mais frequentes chegaram a ter um “leve impacto no escoamento” da laranja.
“Mas, esse cenário foi minimizado pela baixa oferta no estado de São Paulo, já que o segmento industrial segue sendo prioridade de boa parte dos colaboradores”, informou o centro de pesquisa.
As chuvas também estão beneficiando o desenvolvimento dos pomares de lima ácida tahiti.
“Segundo colaboradores do Cepea, as frutas estão crescendo e devem atingir o ponto de colheita em breve. A expectativa é de que a oferta da fruta já comece a aumentar no fim deste mês”, projetou.
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Calor aumenta consumo da laranja e preços da fruta reagem em período mais fraco do mês
Café, laranja e cana-de-açúcar são campeões de produção no país, mas não são brasileiros; entenda
Primeiro semestre
O volume de chuva acumulado em Limeira (SP) no primeiro semestre foi o maior em sete anos, conforme informações da BRK Ambiental, concessionária responsável pelo serviço de água na cidade. Conforme a empresa, nos últimos dez anos apenas em 2016 o volume superou 2023.
Ao todo, foram 975 milímetros distribuídos entre janeiro e junho deste ano. A última vez que a cidade tinha registrado mais do que essa quantidade foi 2016, quando choveu 1.114 milímetros. Os dados fazem parte do levantamento pluviométrico mensal realizado desde 2013 pela BRK.
Em relação a 2022, o volume de chuva aumentou 48%. Segundo a empresa, nos seis primeiros meses a cidade registrou 658 milímetros. O pior resultado da série histórica foi em 2014, quando a chuva foi de 445 milímetros.
Colheita de laranjas em Limeira
Acervo do Museu da Fazenda Citra, Limeira
1ª exportação de laranjas ajudou a descobrir mosca que estragava frutas
O Brasil é o maior produtor de laranjas do mundo atualmente, mas a história nem sempre foi assim. Você sabia que no início da citricultura no país as pessoas tinham preconceito com a menção da palavra “laranja”? Além disso, a exportação da fruta era um grande desafio, principalmente para outros continentes – Entenda a história abaixo.
Lá por meados dos anos 1920, algumas caixas de laranjas já tinham sido levadas para países próximos, como Argentina e Uruguai, mas ainda assim boa parte das frutas estragava no caminho. Para a Europa, a missão era quase impossível – já que a viagem de navio era longa.
O pesquisador documental José Eduardo Heflinger Júnior explica que já tinham registros de tentativas de exportação para a Inglaterra, mas nunca dava certo. “A viagem era interrompida porque as frutas estragavam”, afirmou.
Casa da Laranja em Limeira
Lillian Senra
Isso só foi superado em 1926, depois que uma leva de laranjas de Limeira, no interior de São Paulo, chegou pela primeira vez em boas condições no velho continente – ou quase isso. Parte das frutas também estragou, mas dessa vez os produtores encontraram a razão para isso: a mosca da laranja.
“Então, é considerado que em 1926, a partir de Limeira, foi realizada a primeira exportação bem-sucedida, e profissional, para a Europa, para as cidades de Londres e Hamburgo.”
José Eduardo explica que Limeira ganhou destaque e ficou marcada na história pelo sucesso alcançado nas tentativas de exportação. O pioneirismo e o sucesso na citricultura fizeram com que a cidade no interior de SP ficasse conhecida como Capital da Laranja e Berço da Citricultura Nacional.
Atualmente a fruta é a protagonista de uma festa típica no município e tem grande reconhecimento.
Aprimorando o processo📈
Apesar de ter sido bem-sucedida, a exportação de 1926 também teve uma parcela de frutas que estragaram no trajeto da viagem. Mas a experiência fez com que os produtores conseguissem encontrar a razão: a mosca da laranja atacava os frutos, fazendo com que apodrecessem no caminho.
A partir disso, foram realizados trabalhos de alteração na indústria de exportação, com uma preparação especial da laranja antes de ser mandada para viagem.
Com o uso de luvas, as frutas eram enceradas e depois cobertas com papel de seda, e também havia o cuidado para que o transporte fosse rápido até o porto.
A Companhia Paulista era a responsável pelo transporte das laranjas até o porto de Santos e, já na época, possuía vagões refrigerados, que eram onde iam as frutas saídas de Limeira com destino à exportação para a Europa.
Segundo o pesquisador, esse procedimento, que permitiu sucesso das vendas, abriu caminhos para a Europa e que despertou o grande interesse dos laranjeiros da época, fazendo com que começassem a comprar pomares com antecedência para que pudessem fazer parte das viagens de exportação para o outro continente – o que que trazia mais lucros do que as vendas para o próprio estado de São Paulo.
Funcionários trabalham na seleção de laranjas em packing house em Limeira (SP)
Fábio Tito/g1
Laranjeiro, não! 🍊
No entanto, Heflinger explica que, muito antes do início da exportação, para chegar ao ponto em que a laranja se tornasse uma cultura popular e rentável, foi preciso que alguns passos fossem tomados.
Segundo ele, no final do século XIX, a partir de 1902, o governo do Estado de São Paulo instituiu impostos para a plantação de novos cafezais, já que a super produção do café se tornava preocupante. Esta iniciativa incentivou a cultura da laranja, principalmente em terras arenosas, que não eram recomendadas para o plantio do café.
Mas, mesmo com o incentivo, houve certa resistência por parte dos fazendeiros, conforme o pesquisador, pois na época a palavra “laranja” e derivadas eram usadas como termos depreciativos.
Isso acontecia porque na capital do país na época, o Rio de Janeiro, o comércio de laranjas era praticado em maioria por vendedores ambulantes e feirantes, fazendo com que “laranjeiro” passasse a ser sinônimo de alguém que “passaria a perna”.
Ainda assim, a cultura da laranja foi se espalhando e em Limeira um viveiro de mudas surgiu, articulado por Mario de Souza Queiroz. A partir daí, a produção no país começou a crescer mais – até que a cidade se destacou nesse cenário.
Laranjas em citrícola em Limeira
Fábio Tito/g1
A queda da citricultura😢
Era de se esperar que, com tanta história em torno da fruta, a laranja ganhasse uma homenagem em Limeira, certo? Desde 1939, a cidade realiza a Festa da Laranja, um evento típico e com viés beneficente que celebra a história da fruta – além de movimentar os comércios locais.
Pulverizador movido por animais utilizado na Fazenda Botafogo em Limeira
Acervo Lillian Senra Siqueira
Apesar do sucesso da primeira edição, a festa foi logo sucedida pelo início da Segunda Guerra Mundial, o que acabou sendo um problema também para a produção, já que as exportações foram suspensas e os portos fechados.
Logo na sequência, mais um baque: os pomares padeceram de uma doença chamada “tristeza”. A doença foi apelidada de tristeza porque deixava as plantas, de fato, com um aspecto triste, murcho, sem vida – e foi responsável pela morte da maioria das árvores de frutas cítricas na época em que chegou ao Brasil.
“Além da guerra, a chamada tristeza foi uma doença que atingiu a citricultura, os pomares ficaram às traças. Ocorreram algumas tentativas de tentar salvar a cultura da laranja.”
Um importante político da cidade na época, Major Levy Sobrinho, realizou tentativas de salvação para os pomares. “O Major tentou vender para a indústria, e também tentou a implementação do sistema de produção de sucos chamado ‘hot pack’, um tipo de suco concentrado embalado a quente, mas não houve sucesso”, afirmou o pesquisador.
Limeira não é mais o centro da citricultura nacional, mas a cidade permanece até os dias de hoje homenageando a fruta.
Vista da Praça José Bonifácio durante a primeira Festa da Laranja de Limeira, ocorrida em maio de 1939
Acervo Museu Histórico e Pedagógico Major José Levy Sobrinho
*Beatriz Bisan, sob supervisão de Caroline Giantomaso, do g1 Piracicaba.
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Fábio Tito/g1
As chuvas registradas em outubro impactaram positivamente o desenvolvimento dos pomares de laranja das cidades que compõem o cinturão citrícola do estado de São Paulo, incluindo Limeira (SP), conforme cotação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do Escola da Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o campus da USP em Piracicaba (SP), divulgada na última sexta-feira (20).
O preço da caixa de 40 quilos da laranja pera, colhidas na árvore, chegou a R$ 52,16, segundo cotação do Cepea. Uma alta de quase 3% na segunda quinzena de outubro na comparação com os valores observados no início do mês.
Ainda segundo informações de produtores do setor ao Cepea, as chuvas mais frequentes chegaram a ter um “leve impacto no escoamento” da laranja.
“Mas, esse cenário foi minimizado pela baixa oferta no estado de São Paulo, já que o segmento industrial segue sendo prioridade de boa parte dos colaboradores”, informou o centro de pesquisa.
As chuvas também estão beneficiando o desenvolvimento dos pomares de lima ácida tahiti.
“Segundo colaboradores do Cepea, as frutas estão crescendo e devem atingir o ponto de colheita em breve. A expectativa é de que a oferta da fruta já comece a aumentar no fim deste mês”, projetou.
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Primeiro semestre
O volume de chuva acumulado em Limeira (SP) no primeiro semestre foi o maior em sete anos, conforme informações da BRK Ambiental, concessionária responsável pelo serviço de água na cidade. Conforme a empresa, nos últimos dez anos apenas em 2016 o volume superou 2023.
Ao todo, foram 975 milímetros distribuídos entre janeiro e junho deste ano. A última vez que a cidade tinha registrado mais do que essa quantidade foi 2016, quando choveu 1.114 milímetros. Os dados fazem parte do levantamento pluviométrico mensal realizado desde 2013 pela BRK.
Em relação a 2022, o volume de chuva aumentou 48%. Segundo a empresa, nos seis primeiros meses a cidade registrou 658 milímetros. O pior resultado da série histórica foi em 2014, quando a chuva foi de 445 milímetros.
Colheita de laranjas em Limeira
Acervo do Museu da Fazenda Citra, Limeira
1ª exportação de laranjas ajudou a descobrir mosca que estragava frutas
O Brasil é o maior produtor de laranjas do mundo atualmente, mas a história nem sempre foi assim. Você sabia que no início da citricultura no país as pessoas tinham preconceito com a menção da palavra “laranja”? Além disso, a exportação da fruta era um grande desafio, principalmente para outros continentes – Entenda a história abaixo.
Lá por meados dos anos 1920, algumas caixas de laranjas já tinham sido levadas para países próximos, como Argentina e Uruguai, mas ainda assim boa parte das frutas estragava no caminho. Para a Europa, a missão era quase impossível – já que a viagem de navio era longa.
O pesquisador documental José Eduardo Heflinger Júnior explica que já tinham registros de tentativas de exportação para a Inglaterra, mas nunca dava certo. “A viagem era interrompida porque as frutas estragavam”, afirmou.
Casa da Laranja em Limeira
Lillian Senra
Isso só foi superado em 1926, depois que uma leva de laranjas de Limeira, no interior de São Paulo, chegou pela primeira vez em boas condições no velho continente – ou quase isso. Parte das frutas também estragou, mas dessa vez os produtores encontraram a razão para isso: a mosca da laranja.
“Então, é considerado que em 1926, a partir de Limeira, foi realizada a primeira exportação bem-sucedida, e profissional, para a Europa, para as cidades de Londres e Hamburgo.”
José Eduardo explica que Limeira ganhou destaque e ficou marcada na história pelo sucesso alcançado nas tentativas de exportação. O pioneirismo e o sucesso na citricultura fizeram com que a cidade no interior de SP ficasse conhecida como Capital da Laranja e Berço da Citricultura Nacional.
Atualmente a fruta é a protagonista de uma festa típica no município e tem grande reconhecimento.
Aprimorando o processo📈
Apesar de ter sido bem-sucedida, a exportação de 1926 também teve uma parcela de frutas que estragaram no trajeto da viagem. Mas a experiência fez com que os produtores conseguissem encontrar a razão: a mosca da laranja atacava os frutos, fazendo com que apodrecessem no caminho.
A partir disso, foram realizados trabalhos de alteração na indústria de exportação, com uma preparação especial da laranja antes de ser mandada para viagem.
Com o uso de luvas, as frutas eram enceradas e depois cobertas com papel de seda, e também havia o cuidado para que o transporte fosse rápido até o porto.
A Companhia Paulista era a responsável pelo transporte das laranjas até o porto de Santos e, já na época, possuía vagões refrigerados, que eram onde iam as frutas saídas de Limeira com destino à exportação para a Europa.
Segundo o pesquisador, esse procedimento, que permitiu sucesso das vendas, abriu caminhos para a Europa e que despertou o grande interesse dos laranjeiros da época, fazendo com que começassem a comprar pomares com antecedência para que pudessem fazer parte das viagens de exportação para o outro continente – o que que trazia mais lucros do que as vendas para o próprio estado de São Paulo.
Funcionários trabalham na seleção de laranjas em packing house em Limeira (SP)
Fábio Tito/g1
Laranjeiro, não! 🍊
No entanto, Heflinger explica que, muito antes do início da exportação, para chegar ao ponto em que a laranja se tornasse uma cultura popular e rentável, foi preciso que alguns passos fossem tomados.
Segundo ele, no final do século XIX, a partir de 1902, o governo do Estado de São Paulo instituiu impostos para a plantação de novos cafezais, já que a super produção do café se tornava preocupante. Esta iniciativa incentivou a cultura da laranja, principalmente em terras arenosas, que não eram recomendadas para o plantio do café.
Mas, mesmo com o incentivo, houve certa resistência por parte dos fazendeiros, conforme o pesquisador, pois na época a palavra “laranja” e derivadas eram usadas como termos depreciativos.
Isso acontecia porque na capital do país na época, o Rio de Janeiro, o comércio de laranjas era praticado em maioria por vendedores ambulantes e feirantes, fazendo com que “laranjeiro” passasse a ser sinônimo de alguém que “passaria a perna”.
Ainda assim, a cultura da laranja foi se espalhando e em Limeira um viveiro de mudas surgiu, articulado por Mario de Souza Queiroz. A partir daí, a produção no país começou a crescer mais – até que a cidade se destacou nesse cenário.
Laranjas em citrícola em Limeira
Fábio Tito/g1
A queda da citricultura😢
Era de se esperar que, com tanta história em torno da fruta, a laranja ganhasse uma homenagem em Limeira, certo? Desde 1939, a cidade realiza a Festa da Laranja, um evento típico e com viés beneficente que celebra a história da fruta – além de movimentar os comércios locais.
Pulverizador movido por animais utilizado na Fazenda Botafogo em Limeira
Acervo Lillian Senra Siqueira
Apesar do sucesso da primeira edição, a festa foi logo sucedida pelo início da Segunda Guerra Mundial, o que acabou sendo um problema também para a produção, já que as exportações foram suspensas e os portos fechados.
Logo na sequência, mais um baque: os pomares padeceram de uma doença chamada “tristeza”. A doença foi apelidada de tristeza porque deixava as plantas, de fato, com um aspecto triste, murcho, sem vida – e foi responsável pela morte da maioria das árvores de frutas cítricas na época em que chegou ao Brasil.
“Além da guerra, a chamada tristeza foi uma doença que atingiu a citricultura, os pomares ficaram às traças. Ocorreram algumas tentativas de tentar salvar a cultura da laranja.”
Um importante político da cidade na época, Major Levy Sobrinho, realizou tentativas de salvação para os pomares. “O Major tentou vender para a indústria, e também tentou a implementação do sistema de produção de sucos chamado ‘hot pack’, um tipo de suco concentrado embalado a quente, mas não houve sucesso”, afirmou o pesquisador.
Limeira não é mais o centro da citricultura nacional, mas a cidade permanece até os dias de hoje homenageando a fruta.
Vista da Praça José Bonifácio durante a primeira Festa da Laranja de Limeira, ocorrida em maio de 1939
Acervo Museu Histórico e Pedagógico Major José Levy Sobrinho
*Beatriz Bisan, sob supervisão de Caroline Giantomaso, do g1 Piracicaba.
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