O Brasil é reconhecido pela produção e exportação da laranja, com destaque para o suco orgânico. Essa fruta, de propriedades ricas para os sistemas digestório, cardiovascular e urinário, fortalece a imunidade e possui efeito anti-inflamatório. Presente no dia a dia da população, principalmente em sucos, sobremesas ou consumo in natura, antes que se possa usufruir dos benefícios desse cítrico para a saúde, é preciso cuidar atentamente de seu cultivo para uma produção efetiva e duradoura.
Decorrente ao declínio recorde da safra 2022/23 da laranja na Flórida, nos Estados Unidos, uma doença saltou aos olhos dos citricultores. A queda expressiva foi apontada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e sua causa tem nome: greening. Dados da Fundecitrus revelam que a incidência desse adoecimento no Brasil cresceu em 56% de 2022 para 2023. Mas como ele acontece? Separamos dicas para você, produtor, conhecer o greening, se prevenir e proteger suas laranjeiras. Acompanhe.
A causa
Também chamada de huanglongbing (HLB) ou citrus greening, a doença é provocada por uma bactéria chamada Candidatus Liberibacter spp. Esse problema fitossanitário afeta gravemente as laranjeiras, causando a queda prematura dos frutos e reduzindo intensamente sua qualidade e, por consequência, sua produção. Sua transmissão se dá através de um vetor, o inseto sugador psilídeo Diaphorina citri, conhecido como “cigarrinha”. O inseto pode vir com a bactéria de outra planta tomada pela doença e, então, contaminar o laranjal saudável. Em alguns casos, também pode ocorrer por meio do enxerto de mudas infectadas. Esse mal não tem cura, por isso fique atento caso uma das árvores do laranjal apresente os sintomas correspondentes.
Como identificar o greening
De propagação rápida, um dos sinais mais proeminentes do greening é a perda da coloração verde das folhas. Elas se tornam amareladas, num processo conhecido como clorose, que vai se espalhando gradualmente pela árvore. Frequentemente, esse indício é acompanhado da deformação nas folhas, uma aparência marmoreada e nervuras mais grossas. Além disso, as árvores afetadas tendem a perder folhas prematuramente, que enfraquecem e têm a capacidade de realizar a fotossíntese comprometida.
Os frutos também sofrem, tornando-se pequenos, assimétricos e de qualidade inferior. Eles apresentam cores irregulares na casca, sementes mortas por dentro e caem precocemente. Quanto ao sabor, a acidez sobe, e em paralelo, a doçura diminui. Ramos e galhos podem encurtar e secar, enquanto as raízes sofrem com a má absorção de água e nutrientes. Esse conjunto de sintomas leva ao declínio progressivo da laranjeira, que quando não cuidada adequadamente, pode definhar e chegar ao fim de sua vitalidade.
Planejamento e escolha do local de plantio
Para começar com o pé direito, o produtor rural que deseja cultivar laranjas precisa estudar as regiões com histórico de incidência do greening. Dessa forma, poderá evitar as que apresentam alto índice e estabelecer sua produção num ambiente saudável. Quando a região for escolhida, ao estruturar o pomar no local, prefira áreas extensas ao invés das estreitas e isoladas. Isso porque um campo largo e contínuo facilita a fitossanidade dos pés de laranja.
Plantio de mudas sadias e de qualidade
É essencial reduzir o período de exposição das árvores ao psilídeo em sua fase mais vulnerável, que corresponde aos cinco primeiros anos após o plantio. Como? Por meio de medidas como adubação, irrigação, tratos culturais adequados e plantio de mudas sadias com pernada. Opte por mudas de viveiros certificados e cadastrados na Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).
Erradicação das plantas com sintomas
Se uma planta for contaminada, é imprescindível retirá-la do pomar para o sucesso do cítrico. Todas as plantas com greening devem ser eliminadas, independentemente da idade. Essa medida é obrigatória por lei, vide Portaria Nº 317, de 21 de maio de 2021, seção III, inciso 1º. A multa varia de acordo com o estado brasileiro. O ideal é que, antes da erradicação, o produtor rural pulverize o pomar com bioinseticidas.
Manejo intensificado na faixa de borda
Recomenda-se que o produtor de laranjas faça a pulverização do cultivo com constância. Para realizá-la corretamente é preciso rotacionar o uso de bioinseticidas de qualidade. Nesse sentido, considere dar uma atenção especial aos primeiros 100 ou 200 metros da divisa da propriedade, área conhecida como faixa de borda. Lá estão cerca de 80% dos psilídios. Para evitá-los, aposte num plantio adensado e controle mais rigoroso nessa extensão. Caso a eliminação de plantas doentes tenha ocorrido há pouco tempo, faça o replantio frequente.
Manejo regional e alerta fitossanitário
Caso a produção tenha sítios vizinhos, uma prática importante é verificar o manejo sanitário dos arredores e promover ações coletivas para controlar o psilídeo. Assim, o combate funcionará simultaneamente e em larga escala. Isso aumentará a segurança e a saúde das laranjeiras e demais cultivos da mesma região.
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