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Touros do Brasil que voaram de Boeing para o Senegal foram escolhidos ‘a dedo’ para melhorar rebanho

Trezentos animais da raça Guzerá foram selecionados de várias fazendas do país por critérios genéticos. Especialista estima que carne que será obtida com os primeiros cruzamentos pagará a operação e ainda vai gerar lucro. Touros que viajaram de Boeing ao Senegal foram escolhidos ‘a dedo’ para garantir melhores bezerros
Cristiano Lima/Divulgação
Os 312 touros brasileiros que voaram em um Boeing 777F no início deste mês foram escolhidos “a dedo” para promoverem o melhoramento genético dos rebanhos do Senegal, na África.
Os animais viajaram de avião por causa do número de bovinos a serem deslocados, já que, para a exportação em navios, mais comum para cargas vivas, seria necessário juntar pelo menos mil touros.
O gado enviado ao Senegal é da raça Guzerá e foi selecionado criteriosamente para reproduzir com vacas africanas e gerar bezerros mais pesados. O resultado é mais carne no mercado e, consequentemente, mais lucro.
“Um touro desse trabalha 40 vacas por ano, então multiplicando pelos 312 vendidos, são 12.480 bezerros. Em dois anos, eles vão para o abate. Vão pesar mais e produzir muito mais carne”, explica Antônio de Salvo, criador de Guzerá em Minas Gerais.
A raça também se destaca por ter dupla aptidão, ou seja, pode ser usada tanto para produção de carne quanto de leite. Rústico e de origem indiana, o animal prosperou no Brasil pela fácil adaptação nas propriedades rurais do país.
Touro Guzerá prosperou no Brasil pela fácil adaptação nas propriedades rurais do país
Cristiano Lima/Divulgação
Um touro melhorador de rebanho custa de R$ 12 mil a R$ 30 mil, segundo o criador Salvo, dependendo da genética dele.
Mesmo assim, o pecuarista estima que somente a venda da carne obtida a partir dos primeiros cruzamentos já paga os touros e toda a operação de transporte, além de gerar lucro.
Os animais são catalogados pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que tem registros sobre a linhagem do touro e suas características. Foi a partir dessas informações que a empresa de exportação escolheu o gado que voaria ao Senegal.
“A empresa vai de fazenda em fazenda, busca os melhores animais possíveis no Brasil e leva para a fazenda da quarentena. A gente faz uma proposta tirando da fazenda do brasileiro e colocando na fazenda do governo do Senegal, aí eles pagam o serviço completo: documentação, vacina, gado e transporte”, relata Cristiano Lima, dono da GBC Internacional.
Touros a bordo!
Os animais saíram do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e aterrissaram no Aeroporto Internacional Blaise Diagne, em Dakar, no Senegal.
A primeira viagem foi no dia 7 de maio, quando 155 touros da raça Guzerá embarcaram. No dia 10, foram 157, sendo 155 touros Guzerá e um casal da raça Sindi.
Touros Guzerá viajaram em Boeing 777F do Brasil ao Senegal
Cristiano Lima/Divulgação
Para a operação, foi utilizado um Boeing 777F da Ethiopian Airlines, avião com capacidade para transportar 102,8 toneladas, segundo a própria fabricante.
Além dos touros, estavam a bordo somente o piloto, dois tripulantes e o dono da empresa que intermediou a compra dos animais.
Para organizar os bovinos no cargueiro, foram disponibilizadas 33 baias de madeira, com capacidade para quatro ou cinco touros cada uma. Elas foram forradas com palha de arroz para evitar que os dejetos dos animais sujassem a aeronave.
Imagens gravadas no dia da viagem mostram a operação para carregar as baias, já com os touros, no avião (veja o vídeo abaixo).
Mais de 300 touros viajam de avião para Senegal, na África
O trajeto foi de mais de seis horas e, durante este período, os animais ficaram sem alimentação.
“No aeroporto, eles recebem feno e água. Em seguida, a gente coloca os touros nas baias e carrega o avião. Quando chega, descarrega, e os animais vão para o caminhão. Na fazenda, eles recebem alimentação novamente”, detalha o empresário Cristiano Lima.
Outra medida foi regular a temperatura da aeronave. Segundo Lima, o ar-condicionado foi ajustado entre 15ºC e 18ºC para manter os animais calmos durante a viagem de mais de 5 mil quilômetros.
Entenda como 300 touros brasileiros viajaram de avião ao Senegal
Wagner Magalhães/Arte g1
Mais carga viva
O Aeroporto de Viracopos possui o maior terminal de cargas do país. Antes da operação com os touros, em abril, o local já havia recebido o maior transporte de carga viva de sua história.
“Duas aeronaves trouxeram 900 suínos reprodutores, de grande porte, utilizando 25 das baias do curral de carga viva”, lembra Marcelo Mota, diretor comercial de Viracopos.
Porcos no Aeroporto de Viracopos, em Campinas
Everest Filmes/Divulgação
O terminal do aeroporto recepciona aproximadamente 12 embarques de carga viva por mês, entre cavalos, porcos, aves e outros animais, de acordo com o diretor.
“Eventualmente também têm cargas exóticas. De vez em quando, passa por aqui uma girafa, um rinoceronte… Nós também transportamos ovos férteis ou pintinhos para reposição do plantel de aves de outros países”, relata.
Segundo a direção do aeroporto, todo o trabalho é realizado com a autorização e fiscalização do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Girafas já foram transportadas no Aeroporto de Viracopos, em Campinas
Aeroporto de Viracopos/Divulgação
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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