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Touro Sherlock se ‘aposenta’ após fornecer mais de 500 mil doses de sêmen; entenda como é a reprodução

Animal da raça nelore se tornou um dos maiores reprodutores do Brasi por ter dado mais de 300 mil filhos. Doses de sêmen são vendidas para pecuaristas do país e do exterior. Sherlock de volta para a fazenda de origem com o dono, Luciano Borges
Arquivo Pessoal
Considerado como um dos principais reprodutores da raça nelore do Brasil, o touro Sherlock encerrou no começo de junho sua produção de sêmen após 9 anos de “trabalho” em uma central multinacional especializada em reprodução e fornecimento de genética bovina, em Uberaba (MG).
Com mais de 540 mil doses de sêmen vendidas para pecuaristas de todos os estados do Brasil e até fora do país, como Paraguai, Bolívia e Colômbia, o animal pôde retornar para sua fazenda de origem com o feito de ter dado mais de 300 mil filhos em mais de mil rebanhos.
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A “aposentadoria” que chegou para Sherlock é referente ao seu papel desempenhado na reprodução bovina a partir da inseminação artificial de sêmens colhidos em centrais especializadas.
“Eu não posso afirmar que nenhum outro animal ficou tanto tempo produzindo sêmen, mas é bastante provável que não. Nove anos na produção deve ser recorde. Agora, ele vai ficar aqui descansando com sombra, água fresca e boa comida”, diz o dono do animal, Luciano Borges.
Sherlock, touro da raça Nelore, se ‘aposenta’ e vai descansar em fazenda de Uberaba
Arthur Henrique Vieira é coordenador de produto e corte na Central ABS, onde Sherlock ficou quase uma década produzindo sêmen. Ele também destaca o longo período que o animal exerceu a função de reprodutor.
“Havia padronização e desempenho no sêmen dele. Ele tem uma genética interessante de que os filhos dele passavam a comer menos alimento e a ganhar mais peso. Ótima qualidade que durou os 9 anos. Então, se tornou lucrativo. Realmente é um dos que mais ficaram aqui com a gente”, enfatiza.

A inseminação artificial é usada por pecuaristas para aumentar a produção e realizar o melhoramento genético do rebanho. A atividade tem crescido no Brasil.
As vendas de sêmen bovino, por exemplo, aumentaram 21% em 2021, ano em que quase 29 mil doses foram vendidas.
Como o Sherlock se tornou reprodutor?
Luciano Borges é de Uberaba e explica que trabalha há mais de 40 anos na produção da raça nelore em sua fazenda, chamada Rancho da Matinha.
Ele e toda a equipe buscam desenvolver animais com características superiores que possam produzir mais com um custo menor. Para isso, ele investe no melhoramento genético com tecnologia exportada da América do Norte.
Sherlock vendeu mais de 500 mil doses de sêmen e se tornou um dos grandes reprodutores do Brasil
Arquivo Pessoal
Com o resultado alcançado, ele envia os animais para produzir sêmens e garantir rebanhos melhores.
“A gente tem parceria com todas as principais centrais de coletas de sêmen no Brasil e uma delas é a ABS, que é multinacional, onde Sherlock ficou. A gente faz contrato com essas empresas e eles pagam o royalty [valor cobrado pelo dono para permitir a comercialização] das doses de sêmen vendidas”, explica.
“O interesse deles é ter nas centrais reprodutores cujos sêmens têm procura. O da raça nelore tem muita procura no mercado. Depois de fazer um determinado estoque de sêmen, o touro volta para a fazenda”, enfatiza.
Arthur Henrique Vieira diz que a Central ABS acompanha os números de avaliações genéticas de animais em fazendas e, com base nas avaliações, eles contratam o touro para produzirem sêmen.
“Esse touro vai para a central com toda documentação, exames sanitários e avaliações genéticas. Então, passa a fazer parte da escala de coleta de sêmen. Os touros que têm muita demanda entram em coleta três vezes por semana, como foi no caso do Sherlock”, diz.
“Fora a parte da saúde, a manutenção, a coleta, o congelamento do sêmen, a logística de entrega, enfim, tudo isso fica com as centrais”.
Borges afirma que, a partir do momento que o animal é entregue, o proprietário fica apenas com os custos sanitários, como como em caso de doença . O touro pode ficar, em média, produzindo sêmen por seis anos. Sherlock, no caso, ultrapassou esse período.
Nutricionista e sombra
Sherlock na central ABS
Divulgação
Após a chegada, os animais são submetidos a uma dieta específica.
“Equipes de nutricionistas acompanham esses touros. Eles ainda ficam em um ambiente muito bom, como em área sombreada, piquetes grandes. Têm uma qualidade de vida favorável para produzir”, ressalta.
Os sêmens, então, passam a ser comercializados para pecuaristas que fazem a etapa da cria. Atualmente, cada dose de sêmen da raça nelore está custando, em média, R$ 40.
“Tem pecuarista que compra mil doses e tem o que compra 50 mil. O número vai de acordo com a necessidade do cliente. Grandes rebanhos demandam mais doses”, explica Arthur Vieira.
Nem ele e nem Borges informaram quanto Sherlock rendeu ao longo dos anos. Mas, se as 540 mil doses comercializadas foram vendidas por cerca de R$ 40, ele pode ter dado um rendimento de mais de R$ 20 milhões.
Evolução a partir do nascimento
Arthur enfatiza que, após a compra dos sêmens, o pecuarista precisa ter o acompanhamento de um especialista na área de reprodução.
“Na grande maioria, essa etapa é acompanhada por um veterinário que assiste a fazenda. O pecuarista, então, prepara um lote de vacas aptas para serem inseminadas, todas no cio ao mesmo tempo”.
Com o nascimento dos filhos, a tendência é que se tenham animais geneticamente melhores. “À medida que os filhos surgem no mercado, os pais vão se aposentado. Então, há filhos melhores que o Sherlock”.
A ‘aposentadoria’
Após anos contribuindo com valores genéticos, a qualidade do sêmen vai se perdendo à medida que o touro envelhece.
“Eles retornam, então, para a fazenda e não são abatidos. Todos têm tratamento de atenção por tudo que contribuíram pela pecuária, como ficar na vida mansa com sombra, água e comida”.
Touro Sherlock ficou 9 anos na produção de sêmen
Divulgação
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Sherlock se “aposentou” justamente pela queda de qualidade na produção. Mas, ao longo dos anos, ela foi seu diferencial.
Com o retorno e mesmo 9 anos ininterruptos na reprodução, Luciano Borges acredita que o touro ainda viverá mais cinco anos.
“Um animal como o Sherlock, não sei quantos anos ele vai viver, mas ele é muito sadio. Provavelmente vai viver uns 5, 6 anos. E o nosso plano é que, quando ele morrer, a gente construa um túmulo para ele, como homenagem por todo serviço que ele prestou para a pecuária brasileira”.
Luciano Borges e Sherlock
Arquivo Pessoal

Fonte:

g1 > Agronegócios

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