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Uso do pó de rocha pode ser estratégia viável para fertilização de solos, apontam técnicos da PB

Técnica já tem sido usada na Paraíba por produtores locais. No entanto, ainda há impasse com o custo logístico. Uso de pó de rocha é ambientalmente sustentável
Guto Silveira/Arquivo Pessoal
O uso do pó de rocha para remineralização de solos tem sido uma estratégia adotada por alguns produtores da Paraíba em substituição a fertilizantes sintéticos. O debate sobre a ampliação da prática de remineralização dos solos, ou uso do pó de rocha, ganha relevância diante da atual crise no fornecimento de fertilizantes sintéticos por causa da guerra entre Ucrânia e Rússia, principal fornecedora do insumo para o país.
O pó de rocha é um subproduto da atividade de mineração. O técnico Ricardo Farias já desenvolve a rochagem na remineralização de solos – como consultor de uma propriedade na região do Litoral Sul da Paraíba – e revelou os benefícios da prática.
“Já trabalho com o pó de rocha no Conde, na produção de banana, e posso dizer que o resultado é um espetáculo. Vejo como um dos melhores insumos. Ele tem solubilidade lenta, o que ajuda a fixar os nutrientes no solo e melhorar a produção. O principal problema hoje é o custo logístico, que muitas vezes supera o valor do próprio produto”, resumiu.
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De acordo com Ricardo Farias, a produção antes do pó de rocha apresentava falhas na produtividade, pois a terra já estava desmineralizada. “O uso da rochagem revitaliza, remineraliza o solo, dando mais potencial a produção e a produtividade”, explica.
Outros benefícios da rochagem são:
aumento da capacidade de troca catiônica, que diz respeito ao potencial de retenção de nutrientes na terra;
aumenta o pH do solo;
diminui a perda de nutrientes;
estimula a atividade biológica do solo e das raízes.
A maior recompensa do uso do pó de rocha, conforme o técnico, é a melhoria estrutural do solo seguido do incremento mineral e biológico. No entanto, também há desvantagens, entre elas o atual custo logístico. O técnico explica que o custo de transporte muitas vezes é maior que o valor do produto, chegando superar a 1,5 do valor por tonelada.
A diferença para os fertilizantes sintéticos é que esses são aplicados e disponibilizados imediatamente após o contato com a água. Essa ação causa perdas, já que a planta não consegue absorvê-los antes que sejam arrastadas pela água. Já os de pó de rocha são de disponibilidade lenta, dando condições das plantas absorverem ao longo do tempo.
O agricultor pode ter acesso ao material adquirindo de empresas (mineradoras) certificadas para esse fim, que é o uso agrícola.
“O pó de rocha, chamado tecnicamente de remineralizadores, não só substitui os adubos industriais, como são mais eficientes a longo prazo. O que precisamos fazer é construir uma política pública de incentivo de produção e uso desses insumos, uma política de autonomia. Isso ajudaria a manter os custos da produção em níveis aceitáveis, já que a matéria prima da rochagem é de nossa própria região”, desenvolve o técnico Ricardo Rocha.
Conforme o técnico da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Domingo Lélis, na Paraíba é possível cobrir todo o território com distâncias máximas de até 40 km, dando viabilidade e tranquilidade aos produtores.
Segundo pesquisador da Embrapa, Eder Martins, o país importa em torno de 85% dos fertilizantes utilizados nas atividades agropecuárias. Por isso mesmo, ele defende o desenvolvimento de soluções locais e regionais, assim como o aumento da eficiência no uso dos recursos disponíveis.
O primeiro passo, de acordo com Martins, é identificar quais os setores de mineração existentes no Estado e quais são os resíduos que eles produzem. A partir disso, verificar se esses subprodutos estão contaminados e se já se encontram no tamanho apropriado para o consumo na agricultura e fazer as devidas correções através de técnicas como moagem, britagem ou peneiramento.
Brasil vai buscar fertilizantes de outros países
Preocupação é com a safra que começará em setembro, diz ministra da Agricultura
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou no início do mês que não há risco de desabastecimento de fertilizantes para a safra atual brasileira e que busca alternativas para a safra que se iniciará em setembro.
O receio de escassez de fertilizantes químicos, ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo, é motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.
Segundo a ministra, para a safra deste ano, não haverá problemas. “A safra brasileira que acontece neste momento, que é a safrinha, já está acontecendo. O que precisava de fertilizante, já chegou, já está com o produtor rural, que já está plantando”, disse Tereza Cristina.
Fertilizantes: Governo lança plano para diminuir importação nos próximos 30 anos
Governo apresenta Plano Nacional de Fertilizantes
O governo federal apresentou na última sexta-feira (11), no Palácio do Planalto, um Plano Nacional de Fertilizantes para o país. O documento lista uma série de medidas pensadas para aumentar a produção até 2050 e reduzir a dependência do mercado externo.
O governo informou que o plano tem objetivo de alcançar 50% de autonomia com produção própria de fertilizantes no Brasil.
Apesar da necessidade de garantir fertilizantes para a safra do segundo semestre, o plano apresentado se concentra em medidas de médio e longo prazos.
Portos adotam esquema especial para fertilizantes
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-fera (15) que o governo federal montou um esquema especial nos portos do país para receber fertilizantes. Os navios que chegarem ao Brasil com a mercadoria não precisão enfrentar filas para descarregar. O produto utilizado pelo setor do agronegócio é, em sua maioria, importado da Rússia – país em guerra contra a Ucrânia.
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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