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Uso de agrotóxicos ameaça criação de bichos da seda no centro-oeste paulista

Região de Tupã (SP) é a principal produtora do estado e, em Bastos (SP), a atividade praticamente parou há três meses. Uso de agrotóxicos ameaça criação de bichos da seda no centro-oeste paulista
Reprodução/TV TEM
Criadores de bicho da seda no centro-oeste paulista estão com um problema: a produção vem sendo prejudicada pelo uso de defensivos químicos em propriedades vizinhas. O bicho da seda é muito sensível e não resiste a essas contaminações.
A região de Tupã (SP) é a principal produtora do estado e, em Bastos (SP), a atividade praticamente parou há três meses.
Ciro Dos Santos é sericicultor e está no ramo há 32 anos. De acordo com ele, nesta época, por exemplo, o barracão deveria estar cheio de lagartas.
“Só perda. E a gente fica perdido. Como é que a gente vai sobreviver? A gente já vem 90 dias sem renda nenhuma. É complicado. A gente não sabe o que faz. Eu não tenho outra renda. Eu criei meus filhos com isso”, lamenta.
Três criações já foram perdidas. Cada ciclo deveria durar quase um mês, mas as larvas estão morrendo no dia seguinte em que chegam aos barracões.
Mituru Uno também é sericicultor, cria o bicho da seda há 46 anos e nunca tinha passado por uma situação com essa intensidade.
“Eu praticamente não tive produção boa. Com seca e geada, começamos em novembro. Primeira criada foi pouca, segunda, terceira e quarta também. Perdi tudo com a deriva. Produção zero. A segunda estava na fase de casulo. E a última criada, veio larva bem pequena e não resistiu. Deu amora envenenada, não aguentou”, diz.
O problema está acontecendo por causa do que os técnicos chamam de deriva dos defensivos agrícolas. Isso quer dizer que, quando são aplicados pesticidas em uma cultura, o vento e a temperatura transportam esse produto químico até a lavoura vizinha. Neste caso, até as amoreiras servem de alimento para o bicho da seda.
“Tem produtos que chegam a ficar mais de 60 dias na folha da amoreira. Não vê esses pesticidas e leva para o barracão. Não só esta criada, mas a próxima. Aqui está indo para a quarta criada afetada já”, diz o engenheiro agrônomo Evandro Kasama.
(Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 27/02/2022)
Uso de agrotóxicos ameaça criação de bichos da seda no centro-oeste paulista
É imperceptível, não dá para ver qual folha está com resíduos dos agrotóxicos. O problema só é identificado quando as larvas apresentam sintomas de contaminação: falta de apetite, cabeça grande e corpo enrugado.
As folhas da amoreira só poderão ser usadas com segurança para alimentar as lagartas após 20 dias, se chover o suficiente para lavar as plantas. Se não, será preciso podar e, só depois de dois meses, dá para ter alimento para o bicho da seda.
Só que os problemas não param na mortalidade das larvas ainda nas primeiras fases de desenvolvimento. As consequências do agrotóxico também afetam o bicho da seda no médio prazo, quando o casulo está em processo de formação.
“Outro problema causado pelos agrotóxicos é na fase em que as lagartas sobem nas cartelas para formação dos casulos. Dá para ver que tem alguns bem finos, quase transparentes, e isso acaba afetando a larva, que não consegue terminar de fazer o casulo e morre. Afeta tanto o produto e a fábrica”, diz o produtor rural.
O reflexo dessa dificuldade no campo vai chegar até a indústria de fios de seda, até porque não é um problema que tem sido registrado só no estado de São Paulo, mas também no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
Os prejuízos já chegam a R$ 200 mil. Enquanto isso, os sericicultores tentam não perder a esperança. Eles esperam que as perdas não sejam tão grandes no próximo ciclo.
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Fonte:

g1 > Agronegócios

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