Comunidades da região têm autorização do estado para cultivar em meio à floresta. Durante a pandemia, produção foi direcionada para pessoas que passam por situação de fome. Quilombos do Vale da Ribeira aplicam técnica centenária no plantio
As comunidades quilombolas do Vale da Ribeira, em São Paulo, estão há 300 anos plantando alimentos de forma tradicional. Apesar das dificuldades, os produtores se uniram para doar alimentos para quem passa fome durante a pandemia.
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Os quilombolas são descendentes de pessoas escravizadas que fugiram para áreas isoladas do país. São pelo menos 88 comunidades na região, onde há uma intensa produção de alimentos, como mandioca, palmito, laranja, inhame, batata doce, maná, abóbora, chuchu e por aí vai.
Essa população tem autorização do estado para cultivar em meio à floresta. Seu sistema de produção é a coivara. Ela consiste em limpar uma área, que pode ter, por exemplo, cerca de um hectare; plantar por um ou dois anos e depois seguir para outro espaço enquanto a mata nativa se recupera.
Apesar de desmatarem e colocarem fogo na área, o sistema não prejudica o meio ambiente, explica Maurício Bieseke, agrônomo do Instituto Socioambiental (ISA). Isso porque a chama é controlada, feita com base em pesquisa e, por ser em uma área pequena envolta de floresta, há uma rápida recuperação da vegetação.
Técnica de 200 anos
A banana é o principal produto dos quilombos do Vale do Ribeira e a maioria é cultivada de forma orgânica, ou seja, sem nenhum fertilizante químico ou agrotóxicos.
Bieseke aponta que a técnica de plantio também vai para além do orgânico, pois se trata de uma composição ancestral de mais de 300 anos no manejo dos alimentos.
Mas, apesar da qualidade, as comunidades não conseguem comercializar a produção devido às dificuldades do transporte, já que são mais isoladas.
O quilombo de Bombas, por exemplo, situado no Parque Estadual do Alto Ribeira, possui cerca de 90 moradores. As famílias vivem a 200, 300 metros umas das outras e construíram as casas à margem do rio para aproveitarem a água e criarem pequenos animais.
Quilombos do Vale da Ribeira aplicam técnica centenária no plantio – parte 2
Tradição
O Vale do Ribeira concentra o maior número de quilombos do estado de São Paulo. Foram os garimpeiros, em busca de ouro, que trouxeram a mão-de-obra escravizada para a região. Quando o metal acabou, sobrou miséria para as comunidades.
Hoje, elas buscam uma melhoria de vida com o que produzem na agricultura.
Há nove anos foi criada uma cooperativa para coletar, produzir, embalar e vender os alimentos colhidos. Eles têm apoio do ISA, que é uma organização não governamental e sem fins lucrativos.
Para a líder do quilombo Inhunguara, Rosana Almeida, a cooperativa proporcionou mudanças de vida, já que hoje plantam não somente para consumo próprio, mas também para comercializar, gerando renda.
Até 2020, os principais clientes da cooperativa eram as prefeituras da região e o governo do estado de São Paulo. Os produtos abasteciam creches e escolas. Mas, com a pandemia, o sistema de ensino presencial foi paralisado e a maioria dos contratos de compra de alimentos foram encerrados.
Com o fim da maior parte dos contratos, a solução encontrada foi unir duas pontas: a produção e o consumo, mantendo a renda dos quilombolas, e, ao mesmo tempo, ajudando famílias pobres das cidades.
SOLIDARIEDADE: conheça 3 iniciativas que incentivam agricultores a doarem parte da produção
Do começo da pandemia até agora, foram doadas mais de 220 toneladas de alimentos para moradores de 7 municípios paulistas e duas favelas da capital, a 1010 e a São Remo. São mais de 34.500 pessoas beneficiadas pelo projeto.
Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.
VÍDEOS: mais assistidos do Globo Rural
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Os quilombolas são descendentes de pessoas escravizadas que fugiram para áreas isoladas do país. São pelo menos 88 comunidades na região, onde há uma intensa produção de alimentos, como mandioca, palmito, laranja, inhame, batata doce, maná, abóbora, chuchu e por aí vai.
Essa população tem autorização do estado para cultivar em meio à floresta. Seu sistema de produção é a coivara. Ela consiste em limpar uma área, que pode ter, por exemplo, cerca de um hectare; plantar por um ou dois anos e depois seguir para outro espaço enquanto a mata nativa se recupera.
Apesar de desmatarem e colocarem fogo na área, o sistema não prejudica o meio ambiente, explica Maurício Bieseke, agrônomo do Instituto Socioambiental (ISA). Isso porque a chama é controlada, feita com base em pesquisa e, por ser em uma área pequena envolta de floresta, há uma rápida recuperação da vegetação.
Técnica de 200 anos
A banana é o principal produto dos quilombos do Vale do Ribeira e a maioria é cultivada de forma orgânica, ou seja, sem nenhum fertilizante químico ou agrotóxicos.
Bieseke aponta que a técnica de plantio também vai para além do orgânico, pois se trata de uma composição ancestral de mais de 300 anos no manejo dos alimentos.
Mas, apesar da qualidade, as comunidades não conseguem comercializar a produção devido às dificuldades do transporte, já que são mais isoladas.
O quilombo de Bombas, por exemplo, situado no Parque Estadual do Alto Ribeira, possui cerca de 90 moradores. As famílias vivem a 200, 300 metros umas das outras e construíram as casas à margem do rio para aproveitarem a água e criarem pequenos animais.
Quilombos do Vale da Ribeira aplicam técnica centenária no plantio – parte 2
Tradição
O Vale do Ribeira concentra o maior número de quilombos do estado de São Paulo. Foram os garimpeiros, em busca de ouro, que trouxeram a mão-de-obra escravizada para a região. Quando o metal acabou, sobrou miséria para as comunidades.
Hoje, elas buscam uma melhoria de vida com o que produzem na agricultura.
Há nove anos foi criada uma cooperativa para coletar, produzir, embalar e vender os alimentos colhidos. Eles têm apoio do ISA, que é uma organização não governamental e sem fins lucrativos.
Para a líder do quilombo Inhunguara, Rosana Almeida, a cooperativa proporcionou mudanças de vida, já que hoje plantam não somente para consumo próprio, mas também para comercializar, gerando renda.
Até 2020, os principais clientes da cooperativa eram as prefeituras da região e o governo do estado de São Paulo. Os produtos abasteciam creches e escolas. Mas, com a pandemia, o sistema de ensino presencial foi paralisado e a maioria dos contratos de compra de alimentos foram encerrados.
Com o fim da maior parte dos contratos, a solução encontrada foi unir duas pontas: a produção e o consumo, mantendo a renda dos quilombolas, e, ao mesmo tempo, ajudando famílias pobres das cidades.
SOLIDARIEDADE: conheça 3 iniciativas que incentivam agricultores a doarem parte da produção
Do começo da pandemia até agora, foram doadas mais de 220 toneladas de alimentos para moradores de 7 municípios paulistas e duas favelas da capital, a 1010 e a São Remo. São mais de 34.500 pessoas beneficiadas pelo projeto.
Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.
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