Sabe aquele sentimento parecido com uma culpa, um castigo, um remorso, sei lá, aquele tipo de sentimento que fica te remoendo o tempo todo?
Sabe quando tem alguma coisa te incomodando, te machucando por dentro, e você não sabe o que é, e aquilo fica ali dentro gritando o tempo inteiro e você fica buscando o motivo e não descobre?
Sabe aquele sentimento parecido com uma culpa, um castigo, um remorso, sei lá, aquele tipo de sentimento que fica te remoendo o tempo todo?
Eu estava desse jeito há dias, era assim que eu estava me sentindo; mas, enfim, descobri o motivo desse grito desesperado aqui dentro. Querem saber o que era?
Acho que muita gente no Brasil está passando por isso… Vou dizer: desde que passou a primeira matéria sobre aquela criança que morreu com sintomas de espancamento no Rio de Janeiro, o já conhecido e desumano caso do menino Henry Borel, eu passei a ser dominado por esses sentimentos…
Fico me perguntando, quantas vezes o seu grito por socorro ficou calado dentro dele? Quantas vezes o seu sorriso de alegria queria gritar que era de dor? Quantas vezes, ao coxear, ao pender o corpo para um lado, apesar da dor deveras sentida, ele tentava gritar e denunciar a tortura que vinha sofrendo? Tortura que ele estava proibido de revelar sob pena de um sofrimento ainda maior…
É isso que vinha e continua me atormentando.
E por isso, continuo atormentado com mais perguntas:
Se esse padrasto, nitidamente um psicopata, tivesse sido investigado e punido pela prática daquele outro fato, esse inaceitável evento teria ocorrido?
Será que dessa vez ele será devidamente investigado, processado, julgado e punido?
Por que será que aqui no Brasil a força pública só age após a eclosão de uma tragédia?
Há ainda muitas outras perguntas gritando rua afora, mas aqui farei agora a última: será que essa mãe, que teve plena participação nesse imperdoável evento, é humana?