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Em meio à alta dos alimentos, BC deve interromper ciclo de cortes e manter juro básico em 2% ao ano

Essa é a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. Mesmo antes da disparada recente dos preços dos alimentos, BC já indicava que manteria a taxa Selic estável. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reunirá nesta quarta-feira (16) e deve manter a taxa básica de juros da economia brasileira estável em 2% ao ano, de acordo com a estimativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. A decisão será anunciada por volta das 18h.
Se isso ocorrer, será interrompido um ciclo de cortes dos juros que vem desde julho do ano passado. Foram nove reuniões seguidas do Copom com redução da taxa Selic. Em 2% ao ano, o juro básico já está na mínima histórica.
O Copom volta a se reunir em meio à alta no preço dos alimentos, que acumulou 8,83% em doze meses até agosto.
Esse reajuste não tem apenas um alimento como responsável — a maioria está com preços recordes no campo. Porém, dois chamaram a atenção nos últimos dias: o arroz, com valorização de 19,2% no ano, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.
O próprio BC, porém, já vinha indicando que a taxa Selic deverá ser mantida estável nesta quarta-feira antes mesmo da recente disparada dos preços dos alimentos.
Em agosto, informou que o país já estaria próximo do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam gerar instabilidade nos preços de ativos (alta do dólar, por exemplo). Assim, sinalizou cautela sobre a possibilidade de novos cortes.
O Copom fixa a taxa básica de juros, a Selic, com base no sistema de metas de inflação. Para 2021, ano no qual o BC já está mirando com suas decisões — as decisões sobre juros demoram de seis a nove meses para ter impacto pleno na economia —, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
De acordo com economistas ouvidos pelo G1, dois fatores explicam a alta dos alimentos:
Ministra da Agricultura descarta intervenção nos preços de alimentos
Alimentos mais caros
Dólar alto: que incentiva os produtores a aumentarem as exportações, reduzindo, assim, a oferta de produtos no mercado interno;
Auxílio emergencial: benefício do governo federal estimulou o aumento do consumo. Foi direcionado, em grande parte, para a população mais pobre do país, que tem uma cesta de compras formada, em sua maioria, por produtos básicos, como alimentos.
Com dólar muito valorizado em relação ao real, a venda ao exterior se torna uma forte concorrente da indústria brasileira pela compra de produtos do campo. Ao mesmo tempo, deixa o custo de produção da agropecuária mais alto, já que boa parte dos insumos é cotada na moeda americana.
De acordo com André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, a alta recente do IGP-M, que avançou 4,41% nos primeiros dez dias de setembro, se deve ao aumento nos preços no atacado (comercialização em grande escala), indicando uma “queda na margem de lucro empresarial”.
Segundo ele, embora a inflação não seja um problema para a economia brasileira neste momento, a alta nos preços no atacado pode apontar para uma “inflação futura mais elevada” – se for repassada ao varejo (venda de produtos em menor escala).
“Esta discrepância [entre inflação no atacado e no varejo] sugere queda nas margens de lucro e acende a luz amarela para um eventual repasse de preços do atacado para o varejo. Contudo este processo tende a ser mitigado pela grave crise econômica em curso e assim a inflação não sobe dada a queda do rendimento da sociedade”, avaliou, em comunicado.

Fonte:

G1 > Política

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